O que é interconectividade entre riscos e por que ela é tão importante?
Agosto | 2018
Para gerir os riscos corporativos eficientemente e construir a resiliência aos seus impactos, é necessário voltar os esforços para entender, medir e prever a evolução das interdependências entre os riscos, suplementando as ferramentas tradicionais de gestão de riscos com novos conceitos. Muitos profissionais acreditam que a criticidade é o resultado final da análise, por que eles estão errados?
Nos últimos anos, os relatórios de riscos do Global Risk Report, salientaram a importância de nos atermos à interconectividade, uma vez que determinado risco pode influenciar outro e assim, pode acarretar uma sequência desastrosa na organização. Se os riscos não forem eficazmente abordados e interpretados, os prejuízos podem ser ampliados de forma geométrica, abrangendo em todas as disciplinas.
Em termos estratégicos, uma análise de Riscos míope, avalia a criticidade dos riscos da empresa e acredita que isso basta para o iniciar os planos de ação. Mas na verdade, o correto é avaliar também os impactos que determinado risco pode exercer sobre outros, cálculo que pode ser realizado por meio da matriz de impactos cruzados – MIC.
Atribuímos as notas conforme o nível de relevância que determinado risco exerce sobre outro e o resultado é visualizado na Matriz. Assim sabemos quais riscos são motrizes, dependentes, independentes ou de ligação.
Riscos de ligação (Quadrante I) -> Influenciam e sofrem influência dos motrizes
Riscos motrizes (Quadrante II) -> Somente influenciam os outros riscos
Riscos Dependentes (Quadrante III) -> Somente são influenciados
Riscos independentes (Quadrante IV) -> Não influenciam e nem são influenciados
Há necessidade do entendimento da dinâmica entre riscos, ou seja, da Motricidade entre eles. Quais riscos possuem força e capacidade de influenciar outros riscos. A partir daí podemos enxergar a verdadeira interconectividade entre riscos. Sem o estudo da interconectividade, realizando o estudo somente por disciplina e/ou por categoria de riscos, a empresa e seus gestores correm sérios riscos de não enxergarem os riscos sistêmicos.
Os riscos sistêmicos são caracterizados por:
- Pontos de ruptura modestos, combinando indiretamente para produzir grandes falhas;
- Contágio ou compartilhamento de risco, como uma perda que desencadeia uma reação de outras;
- Sistemas sendo incapazes de recuperar o equilíbrio depois de um choque.
Desta maneira não basta mais somente utilizar a Matriz de Riscos, cruzando probabilidade e impacto, pois esta avaliação fornece a criticidade dos riscos, dentro de suas disciplinas. É importante, mas não mais só isso! O cálculo da interconectividade (motricidade) é essencial para que os profissionais tenham a visão completa dos riscos corporativos, sem ilusões.