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Materialidade ou Relevância na
Análise dos Fatores ESG

Décio Luís Schons,  CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva, é Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK

Março | 2022                                                                                                                                                                           

Quando se estudam os temas relativos à Agenda ESG, o adjetivo “material” e o substantivo “materialidade” aparecem com frequência. Ao que tudo indica, esses termos foram tomados emprestados das áreas de análise financeira, de contabilidade e do direito, em que elas já há tempos vêm sendo empregadas traduzindo conceitos ligados à importância, à relevância de determinado fator ou aspecto submetido a análise. É conveniente ter-se em mente essa filigrana para evitar confusões e dissabores, já que nos dicionários de português comuns esses significados não constam. Por exemplo, em determinada análise da tangibilidade de fatores, pode-se chegar a conclusões permeadas de incongruências aparentemente insanáveis: como explicar que aspectos intangíveis, como o “ambiente de trabalho”, a “sensibilidade do Conselho de Administração em relação a problemas sociais” ou ainda a “liderança exercida pelas chefias nos diferentes níveis da administração” sejam classificados como aspectos altamente “materiais”, ou “dotados de alto nível de materialidade”?

Essa confusão terá sido mais um resultado das más traduções do inglês para o português, já que no idioma inglês o adjetivo “material” admite, além dos significados que ele tem em português, a noção de que o substantivo por ele qualificado é “importante”, “essencial” “relevante”. Não será essa a primeira peça pregada pelos falsos cognatos (também chamados falsos amigos) aos falantes do português. Mas deixemos isso para lá, pois não estamos aqui para dissertar sobre linguística. Vamos falar sobre relevância, também conhecida como materialidade, e alguma coisa sobre nosso entendimento a respeito da avaliação ESG. (ESG, é bom lembrarmos, é o acrônimo correspondente às palavras em língua inglesa Environment, Social, Governance – em português, Meio Ambiente, Social, Governança Corporativa).

Num mundo assombrado com os desastres ambientais e em que as mudanças climáticas estão cada vez mais em evidência, não nos surpreende que a Agenda ESG venha assumindo uma importância crescente e tenha passado a constituir-se em um novo paradigma de avaliação das empresas.

Usando, pois, a terminologia ESG em voga, um tema é “material”, no sentido de “relevante”, na medida em que afeta a capacidade da organização para produzir valor em curto, médio e longo prazos. A relevância é medida pelo nível de impacto positivo ou negativo que o tema em apreço exerce ou pode vir a exercer sobre os resultados da organização. Por outro lado, o mesmo tema normalmente causará um impacto sobre o ambiente em que se situa a empresa, e esse impacto também deverá ser levado em consideração na avaliação da sua relevância. Por último, mas não menos importante, um terceiro componente a ser levado em conta na avaliação da relevância do tema é a percepção que dele têm as diversas partes interessadas (stakeholders) internas e externas.

Existem diversas metodologias para a medição dos parâmetros ESG em uma organização, umas mais, outras menos abrangentes, umas focando no impacto dos aspectos sobre o desempenho da empresa, outras focando no impacto da empresa sobre o ambiente. Independentemente da metodologia empregada, fica cada vez mais evidente a responsabilidade que as corporações têm sobre suas cadeias de valor, de modo que hoje já não é suficiente cuidar das atividades que têm lugar no âmbito da corporação: é preciso também estar consciente e agir com relação aos impactos ocorridos antes da chegada dos insumos às instalações da empresa e depois da expedição dos itens por ela produzidos.

Por outro lado, o espectro de interesse alargou-se, o conceito de sustentabilidade é agora muito mais abrangente em relação às antigas discussões, cujo foco estava nas questões relacionadas ao meio ambiente (primeira letra do acrônimo). Hoje as outras duas letras, correspondentes à área social e à área de governança corporativa ganham realce e são analisadas com grande atenção. Assim é que a mensuração do impacto causado pelos fatores ESG sobre a sustentabilidade do negócio em médio e longo prazo, preocupação legítima e prioritária na visão da alta administração das corporações, deve vir acompanhada de uma análise dos impactos, positivos ou negativos, causados pela empresa sobre os aspectos ambientais e sobre as partes interessadas no negócio.

Sabemos que as grandes corporações, em nível mundial, conduzem análises fracionadas. As companhias especializadas reportam aos seus clientes essas visões particulares, o que certamente irá exigir ainda um trabalho de interpretação e integração no prosseguimento das ações.

Nós, da Brasiliano INTERISK, trabalhamos no desenvolvimento de uma metodologia própria, que concilie as diversas plataformas existentes e proporcione ao cliente uma visão integrada dos temas constantes da Agenda ESG. A matriz de relevância (ou de materialidade) seria, segundo esse entendimento, a resultante de todos esses aspectos combinados, após uma série de operações destinadas a avaliar, não apenas os impactos diretos e indiretos causados pelo negócio sobre o ambiente e sobre as partes interessadas internas e externas, mas também a forma como o trato desses aspectos afeta as operações e os resultados da organização.

Dessa forma, a alta administração da empresa terá uma compreensão holística do problema e estará em condições de orientar as ações para fazer face aos riscos identificados no prosseguimento da análise.

É interessante assinalar que o software INTERISK proporcionará uma visão integrada dos riscos decorrentes dos fatores analisados, facilitando sobremaneira o enfrentamento dos riscos negativos e o aproveitamento das oportunidades decorrentes dos riscos positivos.

Fonte: Software INTERISK 

Desse modo, as metas e pressupostos da Agenda ESG podem ser perfeitamente integrados ao planejamento estratégico da empresa, enriquecendo-o com aspectos antes não tomados em consideração e que poderiam se constituir em riscos não detectados ou em oportunidades não percebidas e por isso não aproveitadas.

Para chegar a esses riscos, positivos ou negativos, há necessidade de um trabalho preliminar, que passa pela análise diagnóstica da empresa, o estudo dos impactos causados pela empresa e daqueles por ela sofridos, além de uma visão clara da percepção que as partes interessadas têm sobre os papéis exercidos pela empresa em relação a elas e ao ambiente físico e social em que se situa. A gestão competente dos riscos detectados será reflexo de uma governança estruturada em todos os níveis decisórios e propiciará, em médio e longo prazos, resultados tangíveis a partir do exercício de práticas reconhecidamente sustentáveis por parte da organização.

Etapa primordial na consecução dessa estratégia será, conforme mencionamos, a determinação da materialidade (ou relevância) dos fatores ESG presentes no ambiente em apreço. A partir dessa avaliação, a alta administração da corporação terá condições de, além de tomar as decisões acertadas quanto ao tratamento dos fatores e dos possíveis riscos identificados, emitir relatórios de sustentabilidade anuais. Esses relatórios, em suma, trarão para a empresa o reconhecimento público e sua inclusão no seleto clube das empresas que valorizam e cumprem os tópicos da Agenda ESG com rigor e seriedade, tirando deles proveito para valorizar a empresa, alavancando a sua imagem e gerando resultados positivos ao longo de toda a sua cadeia de valor.

Saiba mais sobre o Módulo ESG do Software INTERISK, clicando aqui!

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