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CENÁRIOS

Âncora 1

Cenários Prospectivos,
uma estratégia da
Gestão de Riscos

Silvia Ferreira Netto,MBS
Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Segurança Pública pela UNISUL, professora/instrutora credenciada/PF na CPS. Cursando MBA de Gestão de Riscos Corporativos pela Brasiliano INTERISK em Curitiba

A função essencial da Gestão de Riscos é a de antecipar os acontecimentos, dentro do contexto em que a organização está inserida, para que a mesma possa agir proativamente para transformar os riscos positivos em oportunidades e tratar os riscos negativos para que não se tornem ameaças aos negócios da organização.

O gestor deve ter uma visão ampla e estratégica, considerando o histórico e as estatísticas já existentes de uma maneira projetiva para avaliar o que pode acontecer no futuro e ainda, deve utilizar ferramentas para construção de cenários prospectivos, que auxiliará a alta direção na tomada de decisões sobre os caminhos que a empresa irá percorrer para atingir os seus objetivos, ou seja, quais as estratégias a serem adotadas para aumentar sua competitividade e longevidade no mercado.


Foco estratégico da gestão de riscos corporativos

 

Segundo Brasiliano (2016), em seu livro Inteligência em Riscos Corporativos, a empresa precisa acompanhar o mundo VICA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) e a gestão de riscos deve atuar de maneira estratégica. Ressalta que o papel do gestor de riscos é atuar na prevenção, antecipação e respostas aos cenários, às emergências, à descontinuidade nos negócios e às crises, através da utilização de ferramentas e metodologias que facilitem uma visão mais holística e sistemática por parte da alta gestão, numa velocidade que permita à empresa, acompanhar as frequentes mudanças do mercado.


Alguns processos são críticos, visto que são essenciais para o funcionamento da empresa, são processos cujas atividades são primárias, segundo a Cadeia de Valor de Michael Porter, porque se pararem, a operação para também. E os riscos que afetam tais processos, são os riscos operacionais que são influenciados pelas variáveis dos ambientes, interno e externo. Assim é fundamental que a empresa, através da gestão de riscos, compreenda seu contexto e as informações que provêm destes ambientes, no presente e no futuro.


Contexto da gestão de riscos


A gestão de riscos deve compreender o contexto estratégico da organização para apresentar resultados mais eficazes. No livro Gestão e Análise de Riscos Corporativos, Brasiliano (2010) diz que “ao estabelecer o contexto, a organização articula seus objetivos e define os parâmetros externos e internos a serem levados em consideração ao gerenciar riscos, e estabelece o escopo e os critérios de risco para o restante do processo” e cita 3 contextos que devem ser analisados:


1. Contexto Empresarial, que diz respeito ao ambiente interno;


2. Contexto Externo, que se refere ao ambiente externo;


3. Contexto de Gestão de Riscos, que é a estrutura organizacional da área.


Para que a Gestão de Riscos possa de fato agregar valor para a organização e corroborar com o planejamento estratégico, o gestor de riscos deve compreender com profundidade, os processos, as atividades ou as áreas críticas que impactam diretamente na cadeia de valor se deixarem de funcionar e consequentemente, podem afetar os objetivos estratégicos da empresa. Isso pode ser ocasionado por variáveis internas e externas e que podem ser identificadas antecipadamente se o gestor tiver uma visão ampla dos 2 contextos, interno e externo, conforme figura ilustrativa extraída do livro Inteligência em Riscos Corporativos:

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As variáveis externas são incontroláveis pela empresa, mas devem ser identificadas e monitoradas constantemente, para se verificar a influência que elas podem exercer sobre os negócios: o que uma decisão no presente pode afetar o futuro da empresa, tendo em vista as hipóteses plausíveis construídas através dos cenários e quais respostas a organização pode dar para os riscos levantados nesta prospecção.


Cenários prospectivos


Dentro desta perspectiva estratégica e tendo em vista que a gestão de riscos é essencialmente a análise de condições futuras, os cenários prospectivos são ferramentas essenciais para que o gestor de riscos auxilie a alta direção na escolha do caminho que a empresa irá percorrer rumo aos objetivos da organização. Servem para aumentar a capacidade da empresa, para se defender das ameaças e saber aproveitar as oportunidades que vêm do ambiente externo. Isso irá garantir o sucesso nos negócios, não só no presente, mas também no futuro.


Um erro por parte de alguns gestores é ter uma visão míope, ou seja, apenas projetiva, baseada em estatísticas do passado, sem levar em conta variáveis futuras que afetam a empresa, tanto positiva, como negativamente. Não há como traçar objetivos sem considerar as incertezas do futuro.
Assim, a construção de cenários prospectivos auxilia a alta gestão no processo de planejamento estratégico, proporciona uma visão sobre as incertezas do futuro e antecipa os acontecimentos para que a empresa tenha mais condições deresponder e se adaptar às rápidas mudanças do ambiente externo e, a partir desta construção de cenários, pode garantir sua competitividade e longevidade.


Existem diversas abordagens para elaboração de cenários prospectivos, que variam de 6 a 9 fases, porém 3 delas, são comuns a todas as abordagens:


a) Identificação das variáveis/eventos motrizes;


b) Análise dos atores e suas influências;


c) Redução da incerteza nas questões chaves e escolha dos cenários mais prováveis.


Abaixo, o quadro comparativo de metodologias de construção de cenários prospectivos, elaborado por Costa e Nascimento (2007).
 

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Fonte: H. Costa e Elimar Nascimento (2007), a partir de Freitas Filho (2001);
Godet (1993); Wright e Spers, (2006); Castro; Lima e Borges-Andrade, (2005); Macroplan (2006).

Ferramentas e técnicas


A Escola Superior de Guerra apresentou as técnicas abaixo relacionadas, para construção de cenários prospectivos, as quais são utilizadas pela gestão de riscos corporativos:


1. Técnica de Ajuda à Criatividade: Brainstorming, Análise Morfológica, “Sinéctica”, Grupo Nominal, Questionários, Entrevistas e Utopia.


2. Técnicas de Avaliação: Delphi, Impactos Cruzados, Extrapolação de Tendências e Modelos de Simulação.


3. Técnicas de Análise de Multicritérios, em que se classificam diversos aspectos de um problema segundo vários critérios, através dos seguintes métodos: “Exámenes”, “Pattern”, “CPE”, “Electre”, “Analytic Hierarchy Process” e “Macbeth”.


Diversas metodologias utilizam estas técnicas e ferramentas para construção de cenários prospectivos, Brasiliano sugere seguir as seguintes etapas com as respectivas ferramentas:


1. Definição dos Eventos Futuros e Atores, via seus fatos portadores de futuro – Brainstorming;


2. Classificação dos Eventos – Método Delphi;


3. Elaboração da Matriz de Tratamento de Eventos Futuros; 4 – Classificação dos Atores – Brainstorming;


5. Elaboração da Matriz de Impactos Cruzados;


6. Elaboração da Matriz de Classificação dos Eventos;


7. Levantamento e classificação da motricidade de cada Evento Futuro versus a influência de cada ator;


8. Elaboração da Grade de Modelagem de Cenários e das histórias dos Cenários Prospectivos.


Considerações finais


A estratégia em gestão de riscos precisa ser vista de maneira mais ampla, para que o gestor possa dar subsídios para melhorar a qualidade e a velocidade da tomada de decisões por parte da alta direção, isso para garantir o alcance dos objetivos estratégicos, visando a competitividade e longevidade da organização.


A construção dos cenários prospectivos vem nesta perspectiva, tendo em vista que demonstra como as incertezas futuras podem impactar nos negócios da organização e como esta pode se defender das ameaças ou aproveitar as oportunidades que vem do ambiente externo.


Referências blibliográficas


BRASILIANO, Antonio Celso Ribeiro. Cenários Prospectivos em Gestão de Riscos: um estudo de caso brasileiro. 1. ed. São Paulo: Sicurezza, 2010.190 p.


BRASILIANO, Antonio Celso Ribeiro. Gestão e Análise de Riscos Corporativos – Método Brasiliano Avançado. 2. ed. São Paulo: Sicurezza, 2010.125 p.


BRASILIANO, Antonio Celso Ribeiro. Inteligência Em Riscos – Gestão Integrada de Riscos Corporativos.1. ed. São Paulo: Sicurezza Editora, 2016. 249 p.


COSTA, Helena Araújo; NASCIMENTO, Elimar (2007).” Cenários para o turismo no Brasil 2007-2010: análise da consistência metodológica e plausibilidade dos cenários”, Caderno Virtual de Turismo, Vol. 7, N° 3


http://www.repositorio.unb.br/bitstream/10482/9645/1/ARTIGO_CenariosTurismoBra sil.pdf


ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. A concepção de Cenários (II) Técnicas e Métodos de Prospectiva Apresentadas pela Escola Superior de Guerra. http://luxer.tripod.com/planejamento/04-02.htm Visita ao site em 07/01/2018.

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