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Pandemia Mundial do Covid-19: isolamento social é a saída para conter a propagação do vírus?

Março | 2020

Estamos escrevendo e alertando, desde janeiro de 2020, que o Coronavírus chegaria, e que as empresas deveriam estar preparadas para enfrentar a guerra de uma pandemia. Para isso as nossas organizações deveriam estar com seus Planos de Continuidade de Negócios prontos, já sabendo quais são suas atividades essenciais, olhando para sua cadeia de valor e seus objetivos estratégicos.

 

A pandemia era uma questão de tempo, ela chegar aqui no Brasil, já não era um Cisne Negro! Era um evento materializado! A OMS (Organização Mundial de Saúde) acabou declarando, tardiamente, o Coronavírus, denominado COVID-19, como Pandemia oficial apenas em 11 de março de 2020, quando já tínhamos centenas de países com a contaminação em andamento.  

 

O grande problema de qualquer pandemia, até que se descubra a vacina ou remédio para seu tratamento, é conter a propagação na população.

 

A contenção é a fase estratégica, pois com ela, evita-se a sobrecarga do sistema de saúde, o que pode levar a sua falência, pela grande demanda aos hospitais. Consequentemente haverá falta de equipamentos – respiradores, ventiladores – recursos humanos – médicos e enfermeiros – leitos de UTI e EPI, para os profissionais de saúde – máscaras, luvas, roupas apropriadas. Portanto a contenção tem por objetivo achatar a curva da demanda, para que o sistema de saúde possa ter condições de atender de forma eficaz quem necessita. Com isso a pandemia, fica em um nível gerenciável. O gráfico abaixo mostra o achatamento da curva.

Impacto pretendido das medidas não farmacológicas em uma epidemia ou pandemia de COVID-19 através da redução de contato social

 

Fonte: Boletim Epidemiológico COE COVID 19, No 5, 14/03/2020, página 08

No Brasil, como todos devem saber temos 3 níveis de resposta:

- Alerta

- Perigo Iminente

- Emergência em Saúde Pública de Interesse Nacional - ESPIN

 

Estamos no Nível 3, ESPIN, que possui dois sub níveis:

 

- Contenção: quando a transmissão é local - Ocorrência de caso autóctone com vínculo epidemiológico a um caso confirmado identificado;

- Mitigação: transmissão comunitária - Ocorrência de casos autóctones sem vínculo epidemiológico a um caso confirmado, em área definida, ou:

 

1. Se for identificado um resultado laboratorial positivo sem relação com outros casos na iniciativa privada ou na rotina de vigilância de doenças respiratórias (ver quadro) ou

 

2. A transmissão se mantiver por 5 (cinco) ou mais cadeias de transmissão.  

 

O Brasil está no Nível 3, ESPIN, sub fase de Mitigação, quando a transmissão não possui mais origem. Se observarmos a tabela abaixo, nesta fase, segundo o próprio Ministério da Saúde, possui como estratégia de resposta é evitar casos graves e óbitos. O que isto significa?

Fonte: Boletim Epidemiológico COE COVID 19, No 5, 14/03/2020, página 08

Significa que a prioridade nas internações será para os casos já em andamento, e aqueles com sintomas serão tratados com isolamento em suas residências. Ou seja, para manter esta estratégia, temos que diminuir a quantidade de infectados. Portanto, ainda teremos que manter as medidas de contenção de forma atuante, enquanto o sistema de saúde atua na mitigação.

 

A grande polêmica do Brasil de hoje é que, temos que manter o isolamento social horizontal, população e atividades não essenciais, em quarentena, de forma rígida, com o objetivo de conter a contaminação da população e desta forma não sobrecarregar o sistema de saúde. Com isto nossa economia terá grandes impactos.

 

O debate no Brasil de hoje, como bem falou William Waack, em sua coluna no jornal o Estado de São Paulo, do dia 26 de março de 2020: "a crise do coronavírus e suas consequências aqui descambou para um ácido maniqueísmo entre saúde das pessoas versus saúde da economia. Debate que, no fundo, mal encobre uma falsa dicotomia. Não dá para separar uma coisa da outra."

Concordo plenamente, pois se assim for teremos uma questão ética, que considero impensável neste século XXI: o darwinismo social, que significa tolerar que os mais frágeis morram, como assim determina a lei da evolução social. É a escolha de Sofia: vidas x questões econômicas.    

 

Simples assim. Não temos que colocar panos quentes, nem tapar o sol com a peneira. Eu, fui formado em uma escola militar, sou um ex-oficial do Exército Brasileiro e também um médio empresário, que vem sofrendo diversas ondas, nestes últimos 30 anos na vida empresarial, neste nosso Brasil. Passamos por diversas crises, planos econômicos, mas sempre rebolando e se virando. Mesmo sabendo do tamanho do problema que iremos enfrentar, não consigo desapegar de alguns ensinamentos que ficam em nossas mentes, e, um deles vem dos primórdios de quando era cadete de cavalaria: “nunca deixe ninguém para trás, todos voltam!”. Por esta razão não aceito e não admito enxergar a lógica de retomar a economia, neste momento tão crítico da pandemia. Para mim está claro. O ônus do impacto econômico é do governo, dos empresários e dos banqueiros. Não temos saída. Cada um terá que fazer sua parte, suar de fato a camisa. Aprendi com meu falecido pai: quem sai na chuva é para se molhar. Ou seja, empresários, banqueiros, governo e políticos, devem saber que suas posições tem ônus e bônus. Estamos na época do ônus! Portanto a função do governo é suportar a crise econômica da pandemia, dos empresários e banqueiros, principalmente os grandes, ajudar de forma direta, pois a sobrevivência do Brasil depende desta liga, desta união.

O professor Neil Ferguson, chefe da equipe do Imperal College que está pesquisando os impactos do COVID-19 e diretor do Instituto Abdul Latif Jameel de Doenças e Análises de Emergência, da Inglaterra declarou:

"O mundo está enfrentando a mais grave crise de saúde pública em gerações” 

 

"Usamos as últimas estimativas de gravidade para mostrar que políticas surtem melhor mitigação para a pandemia do COVID-19, visando reduzir as mortes pela metade, consequentemente reduzir o pico da demanda de saúde em dois terços. Por conseguinte, serão necessárias intervenções mais intensivas e socialmente disruptivas para suprimir a transmissão a níveis baixos. É provável que tais medidas – mais notadamente, o distanciamento social em larga escala – precisem estar em vigor por muitos meses, talvez até que uma vacina se torne disponível."

 

As declarações do Dr.Ferguson estão baseadas nas pesquisas realizadas com a China, que conseguiram conter a transmissão em larga escala. Portanto mais uma visão científica para embasar decisões.

 

Não devemos polarizar questões científicas e opiniões de especialistas. Não devemos ouvir os “achotécnicos”!

 

Abaixo temos o gráfico da cidade italiana de Bergamo, que hoje é o epicentro da Itália, que não decretou quarentena, vejam o estrago:

Fonte: Internet – pesquisa em 29 de março de 2020

O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu ter errado ao apoiar a campanha “Milão não para”, que pedia que a cidade não paralisasse suas atividades no início da pandemia do COVID-19 na Itália. O “mea culpa” de Sala, do Partido Democrático, foi feito durante o programa “Che tempo che fa”, que foi ao ar na televisão italiana RAI, no dia 22 de março de 2020, domingo. De acordo com o prefeito da cidade de 3,1 milhões de habitantes, foi um erro defender a não interrupção da vida normal. “Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título Milão Não Para. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Errado. Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas”, disse.

 

Nós estamos razoavelmente bem, por esta razão defendo manter o isolamento social horizontal até pelo menos 12 de abril, para depois termos uma avaliação, tomar uma decisão com base nos especialistas e médicos, ou seja, na ciência e não na simples percepção.

 

Nossos dados:

Fonte: Brasiliano INTERISK, Boletim N 39 COVID 19

A velocidade média da transmissão vem caindo, o que nos dá uma média dos últimos 12 dias de 24,8% ao dia.

 

Na média da Itália, Espanha e Estados Unidos é visível o constante crescimento de 33% ao dia. Portanto estamos abaixo dela, ponto positivo.

 

O ponto de inflexão, foi quando os estados da federação, principalmente São Paulo, decretou quarentena até 7 de abril.

 

Contra números não há argumentos, O Estado de São Paulo possui hoje 1451 casos confirmados, o que significa 34% do total dos 4256 do Brasil. São Paulo já foi 90% dos casos, no início da pandemia. A queda deste percentual tem duas grandes causas:

1. São Paulo foi o primeiro Estado da Federação a praticar o ISOLAMENTO SOCIAL, ou seja, adotou na fase precoce, onde dá para colher resultados eficazes, segundo a OMS e o College Imperial da Inglaterra;

2. Os outros Estados da Federação foram sendo contaminados, havendo uma distribuição pelo Brasil. Ou seja os outros estados da federação não praticaram o ISOLAMENTO SOCIAL precoce. Começaram a praticar quando a contaminação já estava no nível comunitário, não conseguiram CONTER a contaminação. Teve Estado que decretou emergência e calamidade pública somente em 24 de março, tarde, a implantação do ISOLAMENTO SOCIAL não foi rígida.

Fonte: Site do Rastreador COVID 19: www.bing.com/covid - pesquisa feita em 30 de março 2020

Nossa taxa de letalidade é, 3,5%, medida no dia 30 de março, e a do mundo é 4,8%. Estamos ainda com uma taxa abaixo da média mundial. Ponto Positivo.

 

Podemos observar no gráfico acima, que a curva do Brasil, ainda é a menos acentuada, ressalto que estamos antes do pico da pandemia, mas nossa situação é considerada muito boa, precoce. Condição considerada excelente para adotar o ISOLAMENTO SOCIAL HORIZONTAL.

 

Diante dos argumentos acima, creio que a resposta do título deste pequeno artigo está respondido: SIM, O ISOLAMENTO SOCIAL HORIZONTAL é a nossa chance de diminuir o número de óbitos, e, com isso conter a propagação do vírus, diminuindo os infectados, achatando desta forma a curva. Com isso nosso sistema de saúde pode atender com eficácia e partir daí termos condições de lutar novamente para reerguer nossa economia. Nossa segunda onda!

Boa luta para todos nós!

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