Agenda ESG: Pilares, Riscos e Gerenciamento
Décio Luís Schons, CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva, é Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK
Março | 2023
A Agenda ESG, tão debatida em nossos dias, é composta basicamente de três pilares. A organização que se propõe a implantar essa agenda como parte de sua estratégia de negócios deve fazer com que todos os integrantes de seus quadros tenham uma visão bastante clara do que são esses pilares e de como eles se relacionam entre eles mesmos e com os diversos setores da organização.
O pilar Ambiental trata, preponderantemente do impacto que a organização provoca sobre o planeta. Esse impacto pode influenciar nas mudanças climáticas; nas emissões de gases de efeito estufa (GEE); no desmatamento; na perda de biodiversidade; na poluição da água, solo e atmosfera; na geração de resíduos e assim por diante.
O pilar Social analisa o impacto da organização sobre as pessoas. Diretamente afetados por esse impacto estão os funcionários da empresa; os clientes e a comunidade a que a organização pertence; os direitos humanos; a saúde e segurança ocupacional; a cadeia de suprimentos etc.
Já o pilar Governança Corporativa diz respeito à maneira como a organização é gerenciada. Englobadas neste pilar estão as práticas de gestão do conselho; o planejamento sucessório; a remuneração; a diversidade, a equidade e a inclusão; a conformidade legal; as medidas de prevenção e combate à corrupção e à fraude; a segurança dos dados, entre outros itens.
Nos últimos anos, tem havido um foco crescente em questões ambientais e as preocupações com a sustentabilidade vêm se se intensificando no mundo inteiro, em razão de mudanças climáticas hoje de todo evidentes e da perspectiva de escassez de recursos naturais em curto prazo. Também vêm ganhando realce os aspectos sociais e de governança corporativa, na medida em que os investidores buscam colocar seus recursos em empresas comprometidas em impactar positivamente a sociedade.
A implementação de uma estratégia ESG pode ser uma forma de as empresas sinalizarem seu compromisso com essas questões e assim atraírem investimentos. Esses investimentos em ESG podem ajudar as organizações a reduzir seu impacto ambiental, a melhorar os resultados sociais e a construir melhores estruturas de governança.
Resulta daí a necessidade imperiosa de que a alta direção das empresas tenha plena consciência, não apenas do conceito de ESG, como também de suas diversas implicações na estratégia a ser executada, tendo em vista o forte impacto financeiro que pode resultar da observância ou não-observância desses princípios. Em outras palavras, os riscos ESG envolvidos são de grande envergadura e podem resultar tanto da inação por parte da organização em aderir aos princípios e práticas ESG quanto de ações em direção a essas práticas de forma não assentada em uma metodologia adequada.
Uma tendência que vem sendo observada nos últimos tempos, em nível global, é a entrada em vigor de uma regulamentação ambiental cada vez mais rigorosa, o que fatalmente irá sujeitar as empresas que adotam procedimentos não conformes ao risco de multas e outras penalidades, numa escalada que pode ao final tornar o negócio inviável. O mesmo acontece com relação às práticas no pilar Social, submetidas de forma progressiva ao escrutínio dos órgãos fiscalizadores e ao olhar atento da opinião pública. Práticas inadequadas nesses campos, se não forem detectadas e corrigidas de início, podem levar a empresa a enfrentar danos à reputação, o que certamente terá como consequência a perda de clientes e de receita.
Como é natural, o pilar Governança Corporativa, além de sua expressão própria, é também o condutor dos outros dois pilares, uma vez que no âmbito dele são geradas as decisões e as ações em todo o espectro de atividades da empresa. Além de tudo, práticas de governança fracas podem ensejar a ocorrência de fraudes, desvios financeiros, não conformidades jurídicas e todo o rol de riscos que a elas se associam.
A implementação de uma estratégia ESG pode ser um desafio para as empresas por vários motivos. Muitas vezes há falta de dados e de transparência sobre questões ambientais e sociais, o que carrega implícito o risco de não se estabelecerem as metas com a clareza necessária. Em segundo lugar, as iniciativas ESG podem exigir um investimento inicial significativo, o que implica muitas vezes contingenciar as despesas em outras áreas do negócio. Também por isso, a mudança radical das práticas de negócios para alinhá-las a uma estratégia ESG carrega o risco de causar desconforto para as partes interessadas, em particular entre clientes e funcionários.
Para fazer face a esses riscos, a empresa pode estabelecer parceria com ONGs ou outras organizações com experiência em questões ESG específicas. Dados de mídias sociais e de outras fontes podem ser coletados para obter informações sobre o sentimento das partes interessadas em relação à implantação de uma Agenda ESG na empresa. Todavia, o mais importante é desenvolver gradualmente os planos de implementação, distribuindo as diversas ações em fases sucessivas e com grau crescente de complexidade. Dessa forma, minimizam-se os riscos de serem tomadas decisões não alinhadas com os interesses dos acionistas e de ser dedicada uma excessiva atenção às questões ESG, desviando a atenção dos principais objetivos do negócio.
Tendo em vista esses riscos e condicionantes, o conselho de administração deve garantir que o processo de tomada de decisão da empresa seja transparente e que os acionistas sejam mantidos a par do progresso no cumprimento das metas ESG. Relatórios periódicos atualizarão as partes interessadas sobre o andamento do processo e permitirão o seu ajuste, a partir de uma comunicação bem estruturada.
As pessoas às vezes perguntam se a Agenda ESG não é só mais um modismo, alguma coisa de que muito se fala hoje mas que daqui a alguns anos estará relegada aos livros de história. Na verdade, os benefícios de tomarem-se a sério esses princípios e colocá-los em execução, integrando-os às práticas de negócio, já são bem perceptíveis, como podemos verificar nos tópicos a seguir.
1. Relações com investidores: atualmente os investidores em geral, mas especialmente as instituições, esperam ver políticas e práticas ESG na empresa em que planejam investir, incluindo boa governança (planejamento de sucessão, independência de auditores, verificações de conformidade) e perspectivas de liderança no setor refletidas no balanço.
2. Redução de custos: os programas ESG reduzem os custos de RH, por exemplo, atraindo talentos a partir de um grupo mais amplo de funcionários em potencial e limitando despesas relacionadas à alta rotatividade de colaboradores na empresa.
3. Valorização de mercado: pesquisas vêm demonstrando que as empresas com um menor número de incidentes ESG têm superado por larga margem as concorrentes nos mercados de ações globais e que as práticas ESG podem levar a um melhor desempenho financeiro e, em consequência, a um maior valor para o acionista.
4. Acesso a novos mercados: as evidências sugerem que as empresas com forte histórico ESG têm acesso facilitado a novos mercados, como aquele representado pelos integrantes da Geração Millennials ou dos consumidores ambientalmente conscientes.
5. Gerenciamento de riscos eficaz: o gerenciamento de riscos é facilitado em empresas dotadas de boas práticas ESG. A menor exposição a demandas e interrupções na cadeia de suprimentos é um exemplo de resultado positivo trazido por essas boas práticas. Outro ponto digno de nota é a necessidade de entender que as questões ESG são questões comerciais regulares e que o gerenciamento de riscos ESG faz parte do gerenciamento de riscos padrão.
Desse modo, uma metodologia moderna e eficaz de gestão de riscos corporativos será, sem dúvida, de grande valia para a empresa evoluir na direção da conquista de seus objetivos estratégicos. Essa metodologia trará em seu bojo um módulo específico sobre riscos ESG, tratados de forma interativa com os demais riscos, de modo a evitar as miopias da administração.
Além de atrair investimentos, a correta implementação de uma estratégia ESG também pode ajudar a melhorar a eficiência operacional, o gerenciamento de todo o portfólio de riscos e o engajamento dos funcionários.
Caso haja interesse de sua empresa em aprofundar-se nesse ou em outros temas afetos ao gerenciamento de riscos, contate a Brasiliano INTERISK, uma empresa que oferece soluções de Inteligência e Gestão de Riscos com base na Interconectividade, conferindo total transparência aos processos de Governança, Riscos e Compliance.
O Software INTERISK é uma plataforma tecnológica e automatizada que integra diversos módulos e disciplinas – entre eles, o Módulo ESG – compostos de diferentes disciplinas. Isso garante a abrangência e a integração de todos os processos em um único framework.