
Algumas Estratégias para enfrentar os Riscos Geopolíticos
Décio Luís Schons, CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva. Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK

Março | 2025
A gestão dos riscos geopolíticos assume importância cada vez maior quando se trata de manter a estabilidade e garantir o sucesso das empresas no ambiente global volátil em que navegamos.
Para início de conversa, é necessário reconhecer as significativas e rápidas mudanças ocorridas no cenário geopolítico internacional e o crescente nível de incerteza nas perspectivas para o ambiente operacional global. As estratégias e metodologias de trabalho a serem aplicadas pelas organizações e instituições terão que tomar em conta essa realidade para serem bem sucedidas no gerenciamento desses riscos.
Listaremos a seguir algumas estratégias eficazes para essa gestão.
Vamos começar enfatizando a importância da avaliação de riscos geopolíticos. As organizações precisam avaliar seu perfil específico no que diz respeito a essa categoria de riscos, compreendendo sua exposição a eles e sua capacidade de gerenciá-los. Esse processo ajuda a tomar decisões estratégicas informadas.
A análise de cenários prospectivos é ferramenta importante que nos permite antever possíveis desdobramentos geopolíticos e seus impactos, facultando à empresa se preparar para diferentes situações e desenvolver planos de contingência para cada uma delas. Ao considerar, num horizonte de 10 a 25 anos, várias possibilidades de evolução, tais como conflitos internos ou entre Estados e as transições políticas deles resultantes, as empresas podem se preparar melhor para as incertezas e para mitigar os riscos que venham a se materializar.
Exercícios de planejamento baseados em cenários ajudam as empresas a proteger suas operações e investimentos contra potenciais interrupções. A capacidade de diferenciar o posicionamento estratégico de longo prazo do enfrentamento de contingências de curto prazo é importante para as empresas planejarem efetivamente as ações a serem tomadas em face dos cenários apresentados.
É importante ressaltar que o emprego da estratégia de cenários prospectivos só faz sentido quando ela funcionar acoplada ao monitoramento contínuo da situação, de forma a manter a equipe de trabalho e os decisores constantemente atualizados sobre os eventos geopolíticos globais. Esse procedimento facilita sobremaneira o ajuste das estratégias de investimento e gestão de riscos. Existem ferramentas de monitoramento que permitem acompanhar as mudanças geopolíticas em tempo real, de modo a encurtar o tempo de resposta a eventos inesperados e a adaptar as estratégias de acordo com as necessidades.
Dentre as diversas estratégias de mitigação e resiliência, daremos realce às seguintes:
a. A diversificação de investimentos em variadas classes de ativos e em diversas regiões geográficas é uma estratégia chave para reduzir a exposição a riscos específicos, além de facilitar a mitigação de eventuais impactos de eventos geopolíticos localizados.
b. Ainda falando de diversificação, ela é relevante também no que respeita a mercados fornecedores, reduzindo a dependência de insumos localizados em uma única região, particularmente se nessa região houver a possibilidade de ocorrência de instabilidades.
c. A utilização de instrumentos de proteção financeira, como o hedge cambial em suas diferentes modalidades, é uma estratégia particularmente relevante em tempos de incerteza geopolítica, com as consideráveis variações nas taxas de câmbio que as caracterizam.
d. Parte dos investimentos devem ser caracterizados como investimentos defensivos, em ativos considerados estáveis, de modo a preservar o capital da organização.
e. No mundo digitalizado e cada vez mais interconectado em que vivemos, a segurança cibernética é um componente crítico da gestão de riscos geopolíticos, o que implica desenvolver planos de segurança cibernética robustos para enfrentar as ameaças emergentes.
Em muitos casos, será necessário promover a adaptação da estratégia global da empresa, visando capacitá-la para enfrentar com eficácia os riscos geopolíticos. É aconselhável analisar com espírito crítico as cadeias de suprimento, os mercados de atuação e os modelos de negócio postos em prática, de forma a aumentar a resiliência em face de instabilidades geopolíticas.
O estabelecimento de parcerias locais, com empresas e governos, em regiões de interesse, ajuda a navegar pelas complexidades regulatórias e culturais, além de fornecer insights valiosos sobre cada mercado em particular.
No que se refere à segurança e à resiliência, sobressai a relevância dos investimentos em segurança física e cibernética para proteger ativos e informações sensíveis. O desenvolvimento de planos de continuidade de negócios visa garantir que a empresa continue a operar mesmo em situações de crise.
O treinamento e a capacitação da equipe de gestão de riscos são peças chaves para lidar com riscos geopolíticos. Todas as organizações, mas em particular aquelas com alta exposição a riscos, devem priorizar a melhoria da sua gestão de riscos, com a implementação de processos mais robustos de identificação, avaliação e resposta a riscos geopolíticos.
A gestão de riscos geopolíticos deve estar totalmente integrada ao planejamento estratégico da empresa. Isso garante que as decisões de negócios levem em consideração seus possíveis impactos geopolíticos.
É importante notar que a eficácia de cada estratégia pode variar em função do contexto específico da organização e da natureza dos riscos geopolíticos em questão. A combinação de várias destas estratégias, de forma integrada e adaptada à realidade de cada organização, tende a ser a abordagem mais robusta.
É fundamental para as empresas reconhecer, antes de mais nada, o forte impacto da intensificação das questões geopolíticas em suas operações e desempenho. Ajustar-se à nova realidade geopolítica, com seus efeitos, por exemplo, sobre a estruturação das cadeias de suprimentos globais, torna-se imperativo, podendo determinar a própria continuidade dos negócios das empresas.
Faz-se, portanto, necessário que a análise das questões geopolíticas, com a aplicação das mais diversas metodologias e estratégias, seja integrada definitivamente à rotina diária das organizações. Nesse contexto, a contratação de uma consultoria especializada em riscos geopolíticos para obter análises detalhadas e recomendações personalizadas sobre o tema pode ser uma opção bastante compensadora. Essas empresas possuem expertise e ferramentas para ajudar a mitigar riscos específicos.
Se for de seu interesse ou do interesse de sua empresa aprofundar-se nesse ou em outros temas afetos ao gerenciamento de riscos, contate a Brasiliano INTERISK, uma empresa que oferece soluções de Inteligência e Gestão de Riscos com base na Interconectividade, conferindo total transparência aos processos de Governança, Riscos e Compliance.
O Software INTERISK é uma plataforma tecnológica e automatizada que integra diversos módulos – entre eles, o Módulo Gestão de Riscos Geopolíticos – compostos de diferentes disciplinas. Isso garante a abrangência e a integração de todos os processos em um único framework.