Apetite ao Risco – Chave para a Antifragilidade
Décio Luís Schons, CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva. Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK
Agosto | 2024
Como vimos em oportunidades anteriores, a antifragilidade pode ser conceituada como a capacidade que as organizações têm de aproveitar as dificuldades e os erros cometidos para adquirir novas capacidades, crescer como equipe e sair de qualquer crise em uma condição superior àquela existente antes que o problema se instalasse. A organização dotada de tais características situar-se-ia, assim, em patamar superior ao ocupado por aquelas outras dotadas simplesmente de robustez ou resiliência.
Na busca pela antifragilidade, o tema Gestão de Riscos assume uma dimensão de grande relevância, exatamente pela necessidade de a organização antifrágil ser afeita a assumir riscos – isso porque, para chegar a essa condição, é preciso partir do pressuposto de que os riscos assumidos, mesmo quando transformados em realidade, deixarão um legado positivo que, no final do dia, agregarão valor ao negócio.
A partir desse ponto, aumenta a importância de um conceito fulcral para qualquer sistema de gestão de riscos: o conhecimento e a correta aplicação, pela gestão do negócio, do conceito de Apetite ao Risco.
Apetite ao risco, considerado de uma maneira simplificada, é a medida de risco que uma organização planeja assumir na busca pelos seus objetivos. Não se trata de um conceito intuitivo, em que determinado colaborador ou diretor “acha viável” assumir este ou aquele risco. Muito ao contrário, a determinação da dimensão que cada risco pode tomar deve ser resultado de um trabalho sério e consciencioso por parte da equipe responsável pelo setor, antes de ser submetido à consideração da instância máxima da organização (normalmente, o Conselho de Administração), para decisão.
Existem organizações que tratam o apetite ao risco tomando em conta aspectos qualitativos. Segundo essa metodologia, o apetite ao risco seria classificado, por exemplo, como elevado, moderado ou baixo. Já outras organizações, como a Brasiliano INTERISK, preferem adotar uma abordagem quantitativa, a qual teria como principal função equilibrar as metas de crescimento, de retorno e de risco da empresa. Uma organização dotada de um maior apetite ao risco poderá desejar alocar parcela significativa de seu capital em áreas de alto risco, como mercados emergentes, em prazos dilatados. Já outra organização, com um apetite ao risco mais modesto, poderá limitar seus riscos àqueles com prazo estimado como curto, com investimentos restritos a mercados maduros e considerados estáveis.
Segundo essa maneira de abordar o problema, o apetite ao risco é tomado em consideração na definição de estratégias, de modo a selecionar aquelas mais eficazes na criação de valor, no contexto de um apetite ao risco aceitável.
Dito isso, torna-se evidente que o processo de fixação do apetite ao risco é específico para cada empresa, tendo-se como fora de questão a existência de fórmulas mágicas, de fácil memorização e aplicabilidade, para a solução do problema.
Na determinação do apetite ao risco da organização, precisamos tomar em conta os seguintes conceitos:
Apetite ao Risco: conforme mencionado anteriormente, é um intervalo de valores de risco que a empresa pode aceitar e com os quais os gestores se sentem confortáveis para trabalhar.
Tolerância ao Risco: faixa de valores situada imediatamente acima do apetite ao risco, em que a empresa somente pode trabalhar mediante autorização do Conselho de Administração ou autoridade equivalente.
Capacidade de Risco: trata-se do nível máximo de risco que a empresa pode suportar – nível este situado no limite em que a própria continuidade de negócios da organização poderia encontrar-se comprometida em caso de os riscos considerados virem a se materializar.
O gráfico a seguir esclarece a existência desses níveis de riscos. A Exposição (eixo vertical) é expressa em valores monetários.
Torna-se importante enfatizar que essa régua é aplicada a cada um dos riscos estratégicos. Em consequência, o apetite poderá variar de um risco para o outro. Assim, por exemplo, ao risco de comprometimento da integridade de colaboradores terá obrigatoriamente que corresponder um apetite muito baixo. Já os riscos relacionados a fatores políticos e econômicos, externos por definição, desfrutarão normalmente de uma maior flexibilidade no estabelecimento do apetite.
A determinação dos níveis de apetite ao risco que a empresa está disposta a assumir possibilita entender a avidez por riscos que caracteriza as empresas antifrágeis. Sem quantificação, essa avidez poderia ser facilmente confundida com imprudência ou mesmo irresponsabilidade da parte dos gestores. A partir daí, pode-se com tranquilidade caracterizar a determinação do apetite ao risco como pedra de toque no processo de busca pela antifragilidade por parte de qualquer organização.
É importante que as organizações disponham de um sistema que facilite o trabalho de estabelecimento e acompanhamento cerrado da evolução do apetite ao risco, de modo a proporcionar tranquilidade aos gestores na condução dos negócios.
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