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Fontes de Riscos Geopolíticos Globais: por que é importante conhecê-las e monitorá-las?

Décio Luís Schons,  CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva. Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK

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Fevereiro | 2025

 

Quando trabalhamos com gestão de riscos, é fundamental que tenhamos claras algumas noções elementares sobre nosso objeto de estudo.

De uma maneira simples e clara, podemos dizer que Risco significa a possibilidade de que determinado evento ou condição venha a impactar, de forma positiva ou negativa, os objetivos de nossa organização. Ressalto que, neste texto, iremos nos ater aos riscos negativos.

Dito de outro modo, o risco negativo representa a incerteza com relação à ocorrência de eventos que possam afetar desfavoravelmente, em termos financeiros, operacionais, reputacionais, ambientais ou em outra modalidade qualquer, uma organização, indivíduo ou sociedade.

Como componentes principais do risco, temos:

  1. A Fonte do Risco: trata-se aqui especificamente da origem do risco, da circunstância ou condição ambiental que favorece a materialização do risco.

  2. O Evento Desencadeador: é o gatilho, o acontecimento muitas vezes imperceptível que leva o risco a tornar-se realidade, a partir de sua fonte de risco.

  3. Probabilidade: é a chance de o evento ocorrer.

  4. Impacto: diz respeito às consequências, ao nível de gravidade que a materialização do risco acarretará.

  5. Vulnerabilidade: é a suscetibilidade da organização, indivíduo ou sociedade de que estamos tratando a sofrer os efeitos negativos do risco materializado.

Existem diferentes tipos de riscos, desde os financeiros, operacionais, tecnológicos e ambientais até os estratégicos, geopolíticos e assim por diante.

A gestão de riscos implica identificar, analisar e tomar medidas para prevenir, mitigar ou controlar esses riscos, de forma a eliminar ou minimizar suas consequências negativas. Com relação aos riscos que têm suas fontes no âmbito da organização, seu tratamento deverá, de preferência, incidir sobre as fontes de riscos, com o estabelecimento de controles que previnam a materialização do risco ou reduzam seus efeitos, caso isso venha a ocorrer.

Podemos dizer que as fontes de risco externas estão, na maior parte das vezes, fora do raio de ação das organizações e normalmente geram riscos também externos. Com relação a essas fontes de risco, as ações devem concentrar-se no monitoramento e no planejamento de medidas para amenizar as consequências daqueles riscos que porventura venham a se concretizar.

Dito isso, vamos a seguir enumerar algumas das fontes de riscos emergentes no âmbito internacional que podem dar origem aos riscos geopolíticos em nível global.

Vejamos, em primeiro lugar, o patrimonialismo, esse fenômeno antigo que até há poucos anos se pensava extinto – pelo menos no que toca aos países ditos desenvolvidos. Ultimamente, porém, a onda populista que assola um grande número de países apresenta-se ligada a esse fenômeno que se resume basicamente em confundir o público com o privado; a Nação com os correligionários do governante; e o Estado com a equipe de apaniguados que mantém o governante no poder. Associado ao ultranacionalismo, que lhe é complementar, o patrimonialismo é fonte para os seguintes riscos, hoje percebidos em escala global:

  • Polarização social, ensejando as divisões sociais e políticas dentro e entre nações;

  • Disputas comerciais, com as sanções econômicas delas decorrentes;

  • Interrupção de cadeias de abastecimento;

  • Escalada das tensões geopolíticas entre Estados e os conflitos armados delas decorrentes;

  • Inoperância dos organismos internacionais;

  • Falência de Estados;

  • Desestabilização de regiões;

  • Ressurgimento das rogue superpowers, ou seja, a aplicação sem limites da lei do mais forte; e

  • Fragmentação Global.

Em segundo lugar na lista das fontes de riscos mais preocupantes, vêm as mudanças climáticas que já há alguns anos vimos experimentando, com um aumento significativo da frequência de eventos climáticos extremos. Dentre os riscos derivados dessa fonte, podemos citar, dentre outros:

  • Impactos devastadores em ecossistemas e comunidades humanas;

  • Deslocamentos forçados de populações;

  • Fome endêmica; e

  • Perda de biodiversidade, com a extinção de espécies e a degradação dos ecossistemas.

Logo a seguir temos a fonte de riscos ligada à Tecnologia, particularmente no que respeita aos avanços em inteligência artificial e automação. A partir dessa fonte, diversos riscos podem ser citados, dentre eles:

  • O desemprego, com a impactante redução do número de postos de trabalho que já estamos experimentando, em razão da substituição da força de trabalho humana por robôs e máquinas comandadas por IA.

  • A ciberespionagem e os ataques cibernéticos, com danos ponderáveis às infraestruturas críticas e aos sistemas de informação dos mais diversos países.

  • A desinformação em suas múltiplas formas de apresentação, algo que já experimentamos em nosso cotidiano, assaltados por fake news e notícias sem qualquer fundamento na realidade.

Como derradeira fonte de riscos a ser mencionada neste texto, temos o envelhecimento da população, motivado por duas vertentes principais: de um lado, o aumento da expectativa de vida; de outro, o decréscimo das taxas de natalidade. Os riscos derivados dessa fonte são de difícil tratamento e exigem, antes de tudo, atitudes proativas que possam amenizar suas consequências. Dentre eles, os mais notórios são:

  • O empobrecimento da população, pela diminuição da proporção entre o número de pessoas economicamente ativas e o número de pessoas economicamente inativas;

  • O aumento das desigualdades sociais; e

  • O declínio e falência de Estados que não tiverem condições de mitigar esse risco de uma forma eficiente e eficaz.

 

Foram enumeradas no presente texto algumas fontes de riscos geopolíticas e os riscos geopolíticos delas derivados. Sabemos que essas fontes de riscos são externas às organizações – fora, portanto, do alcance dos controles que poderíamos pensar em estabelecer.

A solução para o gerenciamento dessas fontes de riscos e desses riscos é o estabelecimento de estratégias que aumentem a resiliência da organização e lhe facultem meios para mitigar os efeitos dos riscos que, porventura, vierem a se materializar.

Em nossa próxima publicação, iremos discorrer sobre essas estratégias e como elas podem concorrer para o sucesso da nossa organização. Enquanto isso, se for de seu interesse ou do interesse de sua empresa aprofundar-se nesse ou em outros temas afetos ao gerenciamento de riscos, contate a Brasiliano INTERISK, uma empresa que oferece soluções de Inteligência e Gestão de Riscos com base na Interconectividade, conferindo total transparência aos processos de Governança, Riscos e Compliance.

Software INTERISK é uma plataforma tecnológica e automatizada que integra diversos módulos – entre eles, o Módulo Gestão de Riscos Geopolíticos – compostos de diferentes disciplinas. Isso garante a abrangência e a integração de todos os processos em um único framework.

 

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