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Diversidade na Estrutura Corporativa – Mais que Modismo, uma Necessidade

Décio Luís Schons,  CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva, é Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK

Abril | 2022                                                                                                                                                                           

Anos atrás, quando frequentei determinado curso de nível intermediário na carreira militar, um antigo instrutor nos ilustrava sobre o exercício da chefia e da liderança, ao tempo em que nos brindava com valiosas noções sobre a prática do assessoramento. Em determinado momento, ele nos chamou a atenção para a existência de dois tipos extremos de assessor, ambos nocivos, ambos daninhos à coesão e ao espírito de corpo da unidade: o “assessor do eterno sim” e o “assessor do eterno não”.

A primeira categoria, explicou-nos, é constituída pelos assessores que sempre concordam com o chefe, pelo menos da boca para fora. Alguns deles, mais requintados, chegam mesmo a desenvolver a capacidade de adivinhar o pensamento do chefe para antecipar-se a suas ideias. – “Que ideia genial, chefe!” – é uma das expressões mais frequentes em seu vocabulário.

Já os assessores da segunda categoria comportam-se de maneira diametralmente oposta: sempre de mal com a vida, eles são os “do contra”. Qualquer solução apresentada por outro integrante da equipe é considerada horrorosa, embora nem sempre os “assessores do eterno não” tenham algo melhor a apresentar em relação àquilo que já foi colocado sobre a mesa.

De todo o conteúdo do curso, aquela foi uma das aulas que mais me marcaram. Ao longo de quase meio século de vida profissional, tive ocasião de conviver, em algumas oportunidades, com as duas variantes de assessores. Algumas vezes cheguei a me questionar sobre qual das duas seria mais prejudicial ao trabalho em equipe e ao desempenho da unidade. Submeti o assunto à consideração de chefes e companheiros e percebi que não havia unanimidade com relação a esse quesito.

Hoje, fazendo um balanço da minha experiência, chego à conclusão de que a primeira variante é muito mais perniciosa que a segunda. E quando me questiono sobre que tipo de assessores escolheria se fosse constituir uma equipe para levar a cabo fosse qual fosse a tarefa ou a missão, afirmo sem medo de errar que preferiria ver nela contestadores a bajuladores. Gostaria de contar com uma equipe diversificada, em que pontos de vista diferentes fossem debatidos exaustivamente, até que soluções, não necessariamente de consenso, mas pelo menos aceitáveis por parte de todos, fossem levadas ao chefe para a tomada da decisão. Nesse grupo de trabalho, a diversidade seria o grande fator diferencial.

Li uma vez que o chefe que se deixa assessorar por um time em que as opiniões são parecidas ou coincidentes, particularmente quando a mediana do pensamento explicitado coincide com as opiniões do próprio chefe, melhor faria se não tivesse assessor nenhum. Assim economizaria o tempo e os recursos gastos em um processo cujo desfecho já seria de antemão conhecido. “Se você pensa exatamente como eu sobre esse tema, não há porque estarmos aqui a debatê-lo. Passemos adiante.”

Se mudarmos o foco para a área da gestão corporativa, veremos que a diversidade está mais que nunca na ordem do dia, especialmente quando se trata da vertente social da Agenda ESG (Environmental, Social & Governance – ou Ambiental, Social & Governança, em português). Contrariamente a uma visão ainda comum no ambiente empresarial, esse aspecto, como todos os outros relacionados à Agenda ESG, não deve ser encarado como apenas mais um ônus para as empresas. Na verdade, os encargos e os custos gerados poderão ser amplamente compensados a partir do aproveitamento das oportunidades que a colocação em prática da Agenda ESG irá ensejar, desde que essa agenda seja encarada de forma proativa, como algo suscetível de criar valor para a organização.

Voltando ao tema diversidade, parece evidente que a presença no ambiente de trabalho, especialmente nos espaços destinados ao assessoramento e à tomada de decisões, de pessoas com origens, formações e backgrounds diferenciados acrescentará muito à qualidade dos processos ali desenvolvidos.

Vale a pena recordar que Diversidade é apenas um componente de um aspecto mais abrangente chamado Inclusão. O outro componente, tão importante quanto o primeiro, é a Equidade. Equidade carrega o senso de justiça, de distribuição equilibrada dos encargos, como também dos bônus e das recompensas. Contraria o princípio da Equidade, por exemplo, a velha prática de oferecer remuneração inferior às mulheres apenas porque são.... mulheres. Como será trabalhar em um ambiente em que você se sente discriminado por não pertencer ao sexo, à etnia, à nacionalidade ou seja, a um grupo social que não é considerado “correto”, “adequado”, “aceito”, pela corrente dominante no local? Aí estava (vamos ser otimistas e usar o verbo no pretérito), em última análise, a expressão cristalina do preconceito que durante tanto tempo balizou as relações sociais em nosso país.

Convenhamos, não é nada fácil mudar, quebrar paradigmas em estruturas tradicionais, consolidadas e lucrativas. “Em time que está ganhando, não se mexe” – esse é o mote que temos ouvido por anos e anos. Só faltou alguém dizer que era preciso mexer no time para continuar ganhando. O caso da Kodak é emblemático, ao exemplificar o fracasso decorrente da resistência à inovação (no caso, a revolução trazida pelas câmeras digitais) para não pôr em risco a gigantesca estrutura destinada à fabricação de câmeras analógicas e filmes fotográficos. Em razão dessa dificuldade em efetuar mudanças em organizações estruturadas e consolidadas, as quebras de paradigmas costumam ocorrer nas bordas, nos locais em que não há esse compromisso e esse temor da mudança. Startups são exemplos dessa realidade.

Empresas antigas e muito bem estabelecidas precisam estar atentas às oportunidades de transformação, seguindo outro aforisma bem conhecido: “As mudanças devem ser efetuadas antes que se tornem necessárias.” A popularização da Agenda ESG oferece uma excelente oportunidade para praticar a inovação, não apenas em tecnologias, mas sobretudo em gestão corporativa e em maneiras de encarar os desafios. A análise das estruturas e dos processos à luz dos padrões ESG poderá trazer insights valiosos, desde que a estrutura decisória tenha olhos para ver e ouvidos para ouvir.

Neste breve texto, procuramos nos deter sobre o tema Inclusão, no âmbito do aspecto Social da Agenda ESG. Nossa intenção é, na medida do possível, estimular o debate sobre esse assunto tão momentoso para todo o setor empresarial em nosso país.

Nós, da Brasiliano INTERISK, colocamos a gestão de riscos ESG como uma prioridade em nosso portfólio, exatamente por entender a importância do tema, tanto na conjuntura atual quanto em situações futuras. É voz corrente que o Brasil se encontra décadas atrasado em relação a alguns outros países no que diz respeito a esse assunto. Em razão disso, podemos afirmar que já é tempo de levarmos a Agenda ESG a sério, de modo a transformar riscos em oportunidades, para o bem de nossas empresas e de nosso país.

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