top of page
Âncora 1

SEGURANÇA

A segurança aérea

Jefferson W. Santos Cel Av R1 MSc
CMT ANAC 138 480
Coronel Aviador da Aeronáutica (Reserva). Mestrado em Ciências Aeroespaciais na Universidade da Força Aérea (Rio de Janeiro- RJ) e Mestrado em Segurança e Defesa Hemisféricas pela Universidad del Salvador e Interamerican Defense College. Piloto Civil pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil – Cód 138 480).

29/10/2021

As reflexões que seguem tratam da Segurança no contexto aéreo sem, todavia, se adstringir somente às questões de segurança específicas de prevenção, de enfrentamento de sinistros, de sequestros e de eventos correlatos. É a situação na qual não há insegurança e onde os efeitos e os agentes adversos podem ser previstos, plotados, eliminados ou terem seus danos mitigados.

Os aspectos básicos que serão considerados ao se tratar de Segurança versarão sobre a identificação, a prevenção e a atuação corretiva oportuna para se eliminar os riscos ou se mitigar os resultados indesejados.

Agentes, fatores e eventos adversos geram a adversidade, ou seja, a situação na qual, mesmo havendo planejamento e gestão para eliminar ou reduzir seus impactos, eles ocorrem.

Para se atender, portanto, à proposta da elaboração do presente artigo, faz-se necessário dividir o complexo universo da atividade aérea para se entender e atuar preventivamente.

Serão, com este objetivo, oferecidas as considerações que seguem e que são fruto de experiência prática como investigador de acidentes aeronáuticos e de trabalho em um período de dezesseis anos como oficial de carreira na Aeronáutica.

Tais reflexões também têm estofo na especialização aquinhoada pelo autor ao longo de mais de cinco mil horas de voo em dezesseis tipos de aeronaves diferentes, incluindo helicópteros mono e bimotores além de experiência por mais de quatro anos em operações offshore, com pousos em navios, em plataformas, em hotéis flutuantes e em refinarias.

Ante o acima exposto e para efeito de uma compreensão mais ampla e fluida, considerar-se-ão os seguintes aspectos:

- Segurança Aérea;

- Segurança Aeronáutica; e

- Segurança Aeroportuária.

 

Em todos os três aspectos acima (contexto aéreo) alguns fatores estão presentes como causas deflagradoras principais dos eventuais danos. São eles:

- Um objeto fora do solo;

- O “centro de gravidade” desse objeto;

- A amarração ou fixação desse objeto; e

- A fixação das plataformas aéreas (acima do solo) ou de meios de deslocamentos desse objeto.

Convém, antes de se prosseguir com as presentes reflexões, reenfatizar-se que a perspectiva de Segurança em comento abrange, a partir da noção da “perda”, a prevenção de prejuízos advindos de indenizações, ou de multas ou de interdições das atividades na empresa devido à ocorrência de acidentes envolvendo pessoas ou patrimônios.

Em particular, ao tratar-se de um acidente fruto de uma “insegurança” após qualquer aeronave (avião ou helicóptero) sair do solo, seu retorno incontrolável causará sinistros de ordem praticamente incomensurável de indenizações pecuniárias. Imagine-se, para facilitar o entendimento, uma aeronave caindo após a decolagem em uma área deserta, ou em casas ou sobre hospitais ou, ainda, sobre depósitos de combustível.

• A Segurança Aérea:

Destarte, ao tratar-se de Segurança Aérea observa-se a FIXAÇÃO do objeto ou elemento que ficará fora do solo. Nesta categoria são considerados:

- Teleféricos, gruas, trilhos suspensos para deslocamentos de ganchos suspendendo motores, pallets etc. (comuns em armazéns de estocagem e em oficinas de manutenção veicular, ou de aviões, de geradores e similares);

A prevenção ocorre planejando-se sinalizações e isolamento de áreas restritas à circulação - de pessoas ou de veículos - ao longo do percurso desses elementos em elevação e, ao redor, em suas cercanias imediatas. Enfim, a preservação da vida e de patrimônio é o objetivo principal dessas medidas preventivas.

Apesar de já fixado e, ainda, necessariamente fora do solo, o foco das atenções se dará no CENTRO DE GRAVIDADE. Então, nesta categoria tem-se:

- Drones, balões, dirigíveis, aeronaves, helicópteros etc.

Estes artefatos (ou veículos aéreos) dependem, sobremaneira, de uma distribuição de carga que atenda às especificações acerca do “passeio” (deslocamento) do centro de gravidade (os manuais de operação apresentam tais características e restrições);

Encerrando-se este quesito depreende-se que a Segurança Aérea depende, sobremaneira, de fixações e de rigorosa observância da integridade do centro de gravidade.

• A Segurança Aeronáutica:

Já sob esta perspectiva, observa-se que aeroportos e campos de pouso são locais de operação de embarques e de desembarque e, também, de carga e descarga de objetos e bagagens. Da mesma forma, há circulação de aeronaves, de veículos para abastecimento e para eventuais manutenções das aeronaves. Também ali transitam tratores rebocando pranchas para bagagens e cargas, escadas e pequenas usinas geradoras de energia (para serviços de limpeza, de comissaria, de manutenção nas aeronaves ou para auxílio no acionamento dos motores).

Os riscos à segurança - além da guarda e da vigilância de bens e de patrimônios - são ampliados por falta de prevenção comuns quando nesses tipos de aeroportos ou de aeródromos não se tem a presença de agências de vigilância sanitária, de postos de saúde e de operações de atendimentos de ambulâncias, evacuação aeromédica no caso específico de navios, embarcações, plataformas, hotéis flutuantes etc.

Enquadram-se, portanto, nesta categoria:

- Helipontos, pistas de pouso, navios, prédios sem a estrutura de um aeroporto (para militares do corpo de bombeiros, ambulâncias, evacuação aeromédica etc.).

• Segurança Aeroportuária:

Agora focando-se nesta nova caracterização de estruturas para atividades de pousos e de decolagens, tem-se:

- Helipontos, pistas de pouso, navios, prédios que contem com a estrutura de um aeroporto (corpo de bombeiros, ambulâncias, evacuação aeromédica, agências de polícia (municipal ou estadual) etc.)

Cada elemento físico ou predial ou área requer uma abordagem específica para efeitos de prevenção de segurança. Desta forma, não só os acidentes aeronáuticos devem ser prevenidos, mas também existe a passibilidade de se deparar com outros tipos de sinistros ou subtrações. Aliados a esse possível cenário, podem tais áreas estar suscetíveis a atos de terrorismo sendo estes afetos, especificamente, às intervenções de profissionais das Secretarias de Segurança Pública ou do Corpo de Bombeiros.

Por fim, à guisa de um redirecionamento, a abordagem acerca da Segurança Aérea (com os condicionantes de se estar “fora do solo”) foram tratados com o foco ampliado, apesar do caráter introdutório, para se estimular reflexões mais amplas sobre esta nova abordagem.

A experiência profissional à frente de equipes multifuncionais em setores onde a prevenção sobre aspectos ligados à Segurança era fundamental, evidenciou que a ampliação e sedimentação dos conhecimentos acerca do negócio da empresa, o domínio do conhecimento de todos os fatores e das variáveis que, eventualmente, podem interferir na consecução dos objetivos da empresa, a capacidade de se coletar dados e informações fidedignas e o mérito de disseminá-las dentre os membros da força de trabalho amplia, sobremaneira, o portfólio, a expertise e a confiabilidade da empresa nesta matéria.

Espera-se, desta forma, ter se contribuído com uma reflexão e uma abordagem inovadora sobre Segurança Aérea.

bottom of page