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Âncora 1

ANÁLISE

Análise de riscos entre a contratação de mão de obra direta e a terceirização em serviços de alvenaria de vedação

Daniel de Castro Santos
Diretor Técnico TechProject, Mestre Profissional em Habitação: Planejamento e
Tecnologia pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT

29/10/2021

O setor da construção civil no Brasil, principalmente devido ao aumento da competitividade entre as empresas no mercado, passa por um momento de transformação na busca por eficiência em suas operações em canteiro de obras. Elevado desperdício de materiais e mão de obra, baixa produtividade dos serviços em canteiro de obras, atrasos recorrentes e aumento de custos são fatores de riscos que se tornaram comuns no setor. Neste contexto se vê a necessidade pela busca de mão de obra eficiente, que produza suas atividades com a qualidade demandada pelas empresas, com baixo desperdício de materiais e altos índices de produtividade. Os modelos de contratação de mão de obra e serviços no setor da construção civil constituem um fator que gera discordância entre os principais atores do mercado, profissionais e empresas.

Por um lado, verificam-se empresas e profissionais que constantemente optam pela terceirização das atividades no canteiro de obras, e por outro há atores que buscam a contratação de mão de obra própria para execução do maior número de atividades. Neste trabalho utiliza-se a técnica qualitativa de análise de riscos entre os modelos de contratação de mão de obra e serviços de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, em obras na cidade de São Paulo/SP e Manaus/AM, considerando as informações obtidas em canteiros de obras das empresas estudadas, com ênfase nos seguintes fatores: qualidade, produtividade e custos envolvidos nos serviços.

Palavras-Chaves: Competitividade, Eficiência, Qualidade, Terceirização das atividades, Mão de obra própria, Custos, Produtividade, Análise de riscos.

1. Introdução

A construção civil tem vivido grandes desafios nos últimos anos, com o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, crescimento do mercado imobiliário e investimentos do governo por meio de programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), além de ter passado por grandes investimentos e incentivo às obras para atender à copa do mundo, olimpíadas, além de parcerias entre o setor público e privado (PPP) para a implementação de novos projetos e empreendimentos.

Esse avanço repentino e acelerado apresentado na última década causou problemas às empresas e profissionais do setor, tendo provocado no mercado dificuldades com a mão de obra, cronogramas cada vez mais desafiadores e deficiência de fornecimento de materiais e equipamentos.

Diante do grande desafio que a mão de obra nos canteiros de obras representa para o setor da construção civil no Brasil, este trabalho busca, através de técnicas de análise de riscos, identificar o modelo mais viável de contratação de serviços de alvenaria de vedação na construção civil, mão de obra terceirizada ou contratada diretamente pela construtora, nas cidades de São Paulo/SP e Manaus/AM.

O Método Avançado de Análise e Resposta aos Riscos Corporativos - Método Brasiliano foi adotado como fonte para a identificação dos riscos, avaliação dos seus fatores de riscos, análise e avaliação dos riscos corporativos.

Para a identificação dos fatores de riscos que impactam sobre os indicadores analisados neste trabalho, qualidade, produtividade e custos, adotaram-se as ferramentas do Brainstorming e diagrama de Ishikawa.

A limitação do campo de estudo está em analisar os riscos na mão de obra em atividades de alvenaria de vedação, nas cidades de Manaus/AM e São Paulo/SP, com ênfase em qualidade, produtividade e custos dos serviços. O estudo de caso apresentado considerou 4 (quatro) cenários distintos:

• Cenário 1: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de Manaus/AM, considerando a execução dos serviços com mão de obra terceirizada pela construtora responsável pela construção;

• Cenário 2: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de Manaus/AM, considerando a execução dos serviços com mão de obra própria contratada diretamente pela construtora responsável técnica pela obra;

• Cenário 3: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de São Paulo/SP, considerando a execução dos serviços com mão de obra terceirizada pela construtora responsável pela construção;

• Cenário 4: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de São Paulo/SP, considerando a execução dos serviços com mão de obra própria contratada diretamente pela construtora responsável técnica pela obra.

2. Análise de Resultados

Desafios como padronização dos critérios de medição entre as obras e divergências dos recursos disponíveis no processo de execução foram identificados e superados durante a coleta de dados.

Diferenças climáticas entre as cidades consideradas no estudo são fatores importantes e que causam impacto no desempenho da mão de obra alocada nas atividades de alvenaria de vedação, entretanto não foi possível medir a dimensão dessa influência.

2.1 Cenário 1 - Serviço de alvenaria de vedação com bloco cerâmico, com contratação de mão de obra terceirizada, na cidade de Manaus/Am.

Estudo de Análise de Riscos

Figura 1:  Fatores de Riscos - Cenário 1

 Fonte: Software INTERISK

Figura 2: Matriz de magnitude x importância - Cenário 1
Fonte: Software INTERISK

Figura 3: Análise de riscos - Cenário 1
Fonte: Software INTERISK

Figura 4: Matriz de riscos - Cenário 1

Fonte: Software INTERISK

Figura 5: Nível riscos - Cenário 1

Fonte: Software INTERISK

2.2 Cenário 2: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de Manaus/Am, considerando a execução dos serviços com mão de obra própria contratada diretamente pela construtora responsável técnica pela obra.

Estudo de Análise de Riscos

Figura 6: Fatores de riscos - Cenário 2

Fonte: Software INTERISK

Figura 7: Matriz de magnitude x importância - Cenário 2

Fonte: Software INTERISK

Figura 8: Análise de riscos - Cenário 2

Fonte: Software INTERISK

Figura 9: Matriz de riscos - Cenário 2
Fonte: Software INTERISK

Figura 10: Nível riscos - Cenário 2

Fonte: Software INTERISK

2.3 Cenário 3 - Serviço de alvenaria de vedação com bloco cerâmico, com contratação de mão de obra terceirizada, na cidade de São Paulo/SP.

 

Estudo de Análise de Riscos

Figura 11: Fatores de riscos - Cenário 3
Fonte: Software INTERISK

Figura 12: Matriz de magnitude x importância - Cenário 3
Fonte: Software INTERISK

Figura 13: Análise de riscos - Cenário 3
Fonte: Software INTERISK

Figura 14: Matriz de riscos - Cenário 3
Fonte: Software INTERISK

Figura 15: Nível riscos - Cenário 3

Fonte: Software INTERISK

2.4 Cenário 4: Execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos, na cidade de São Paulo/SP, considerando a execução dos serviços com mão de obra própria contratada diretamente pela construtora responsável técnica pela obra.

Estudo de Análise de Riscos

Figura 16: Fatores de riscos - Cenário 4

Fonte: Software INTERISK

Figura 17: Matriz de magnitude x importância - Cenário 4

Fonte: Software INTERISK

Figura 18: Análise de riscos - Cenário 4

Fonte: Software INTERISK

Figura 19: Matriz de riscos - Cenário 4

Fonte: Software INTERISK

Figura 20: Nível riscos - Cenário 4

Fonte: Software INTERISK

3. Análise dos resultados

Fica claro que o Modelo de Contratação de Mão de Obra na Construção Civil Terceirizada em São Paulo, possui menor Nível de Risco para sua operacionalização - Nível de Risco de 8,06. O Modelo de Contratação com funcionários próprios vem em segundo lugar - Nível de Riscos de 9.39. Ressaltamos que os dois Modelos de Contratação, Terceirizados como Próprio, em São Paulo, encontram-se em um Nível adequado e gerenciado de riscos. Os dois modelos de contratação estão com níveis de riscos muito próximos, o que demonstra um desequilíbrio regional.

 

O desequilíbrio regional fica explícito na comparação dos Níveis de Riscos, pois no Amazonas os dois modelos se encontram em posições desconfortáveis e em São Paulo, no nível confortável e gerenciado.

Figura 21: Cenários e nível riscos
Fonte: Software INTERISK

As causas comuns e mais relevantes dos Riscos de Baixa produtividade e Baixa Qualidade são: MO desqualificada e falta de treinamento, o que leva à não realização de planejamento e projeto. As causas e consequências são: falha de planejamento, falha na logística no canteiro de obras, retrabalho, pressão na mão de obra para cumprir prazos e utilização inadequada de ferramental. Isso faz com que o risco de custo da obra seja materializado.

Aplicando o Teorema de Bayes, Probabilidades Condicionais, entre os três riscos - produtividade - qualidade - custos, com o objetivo de identificar a interconectividade entre eles (motricidade e dependência).

A aplicação do Teorema de Bayes foi realizada pela Matriz de Impactos Cruzados, oriunda da área de Cenários Prospectivos, para identificar eventos futuros motrizes - mais influentes, idealizada pelo cenarista francês Michael Godet. A Matriz de Impactos Cruzados possui como produto a Matriz de Motricidade dos Riscos.

Figura 22: Motricidade dos riscos - Teorema de Bayes - Probabilidade Condicionais

Fonte: Software INTERISK

Figura 23: Matriz de impactos cruzados – Motricidade
Fonte: Software INTERISK

A Matriz de Motricidade possui 4 quadrantes: Motriz, Ligação, Dependente e Independente. O resultado foi obtido, através de um brainstorming, com as notas de Motricidade e Dependência. Com isto obtivemos os riscos de qualidade e produtividade como os grandes riscos influenciadores do Risco de Custos, dependente. Com este resultado fica explícito que o problema não são os Modelos de Contratação de Mão de Obra na Construção Civil, mas sim a região do Brasil, onde estes modelos são aplicados. Fica notória a falta de capacitação e treinamento dos profissionais de construção civil, nível operacional e gerencial, na Região da Amazônia.

Os custos da obra continuarão a ser voláteis, pela produtividade e qualidade.

4. Conclusão

O Modelo de Contratação de Mão de Obra na Construção Civil Terceirizada em São Paulo possui menor Nível de Risco para sua operacionalização - Nível de Risco de 8,06, conforme apresentado no estudo de caso. Através dos resultados obtidos no estudo de caso, foi possível constatar que o Modelo de Contratação com funcionários próprios, também em São Paulo/SP, vem em segundo lugar - Nível de Riscos de 9.39. Os Modelos de Contratação, tanto o Terceirizado quanto o Próprio, em São Paulo/SP, encontram-se em um Nível adequado e gerenciado de riscos visto que estão com níveis de riscos muito próximos.

O desequilíbrio regional fica explícito na comparação dos Níveis de Riscos, pois no Amazonas, os dois modelos se encontram em posições desconfortáveis, sendo 18,06 para mão de obra terceirizada e 15,04 para mão de obra própria.

As causas comuns dos riscos, entre os cenários analisados no estudo de caso são Baixa produtividade e Baixa Qualidade. Com isso, observa-se a importância de investimento em qualificação e treinamento da mão de obra, a fim de garantir o cumprimento do planejamento das construções.

As causas e consequências são falhas de planejamento e logístico no canteiro de obras, retrabalho, pressão na mão de obra para cumprir prazos e utilização de ferramentas inadequadas, fazendo com que o risco de estouro orçamentário se materialize.

Ficou evidente que o modelo de contratação de mão de obra para alvenaria de vedação pode variar de acordo com as características regionais da obra.

A Produtividade e Qualidade são fatores que manterão voláteis os custos de execução de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos.

5. Referências

A INFLUÊNCIA DA FALTA DE GESTÃO DE RISCOS SOB PROJETOS, BRUNO

BORGES FRASSON 2016, disponível em https://www. 15.fgv.br/ network/ tcchandler.axd?TCCID=5259, acesso 15 maio 2020.

ABNT NBR ISO 31.000:2018 - Gestão de Riscos - Princípios e Diretrizes.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro. Gestão e análise de riscos corporativos: Método Brasiliano Avançado. São Paulo: Sicurezza, 2010.

BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro. Inteligência em Riscos - Gestão Integrada em Riscos Corporativos. São Paulo: Sicurezza, 2018.

PMBOK 6° edição.

SINAPI, Cálculos e parâmetros (2020). Disponível em: https://www. caixa.gov.br/Downloads/sinapi-manual-de-metodologias-e- conceitos/ Livro2 _SINAPI_Calculos_e_Parametros_2_Edicao_Digital.pdf Acesso 09 dez 2020.

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