O ensino superior da
GESTÃO DE SEGURANÇA PRIVADA: sinergia entre meio acadêmico e mercado corporativo
Anderson Marcelo D’Alexandro Hoelbriegel
Executivo de Segurança Empresarial no Grupo Globo e Professor do curso de Gestão de Segurança Privada da Universidade Estácio de Sá.
MBA Executivo em Gestão Empresarial pela FGV e pós-graduado em Segurança Empresarial.
O grande problema é que há um descasamento entre o conteúdo ensinado nas universidades e o que é esperado do futuro gestor de segurança pelo mercado corporativo.
E claro, há enorme frustração de ambos os lados....
Esse abismo existente entre necessidades de mercado corporativo e aprendizagem fornecida pelo meio acadêmico é reflexo direto do Sistema de Segurança Privada que foi outrora instituído no Brasil na década de 60, pois inicialmente, a Segurança Privada foi instituída por uma lei de Segurança Nacional, e devido aos interesses estatais à época, nada mais natural de que seus integrantes viessem do seio militar.
Essa lógica foi adotada pelo mercado por muito tempo, mas a área de segurança privada vem passando, nas últimas décadas, por transformações significativas. Estas mudanças vão desde à regulamentação específica de cada atividade até a profissionalização dos operadores da Segurança Privada, em especial, o Gestor de Segurança.
Com a recente profissionalização dos Gestores de Segurança e sua importância estratégica no contexto empresarial, ficam evidenciadas as lacunas existentes entre as ementas e planos pedagógicos dos cursos em relação ao papel estratégico que o gestor de segurança deve desempenhar nas Organizações.
O aluno de um curso superior de Gestão de Segurança Privada busca muito mais do que um diploma. O corpo discente tem buscado um curso focado na administração do sistema de segurança como um todo, pois eles têm sentido na pele a seletividade do mercado.
A essa seleção “natural” do mercado uso o nome de “Darwinismo Corporativo”, pois segundo a Lei do Mercado assim como a Lei da Natureza, somente as espécies mais fortes sobrevivem, ou seja, somente os profissionais mais preparados obterão sucesso.
Cursos de graduação tecnológica tem como características principais: a duração inferior a graduação tradicional, a maior aderência ao mercado corporativo e a flexibilidade de ementa e plano pedagógico de curso para poder se adequar rapidamente às necessidades do mercado.
Segundo a minha visão, os docentes das disciplinas do núcleo profissionalizante desse tipo de graduação, preferencialmente, deveriam ser compostos por profissionais de reconhecimento comprovado, com ampla experiência e certificados pelo mercado.
Esse docente deve ser capaz de criar sinergia entre o Meio Acadêmico e o Mercado Corporativo. A sinergia anteriormente mencionada tem a ver com a necessidade de atualização constante dos conteúdos programáticos, pois as ações do docente devem ser maiores do que as obrigações em sala de aula. Ações como Visitas Técnicas, Estudos de Casos, Congressos, Seminários, Núcleos de Práticas e Consultorias são cada vez mais necessárias e exigidas tanto pelo corpo discente quanto pelo mercado onde esse profissional irá atuar.
Por sua vez, a Universidade deve fomentar a Pesquisa, a Extensão e a Especialização. Parcerias com Organizações Certificadoras são cada vez mais necessárias para agregar valor à formação do Gestor de Segurança.
As empresas esperam profissionais cada vez mais preparados e completos, com formação interdisciplinar. São temas necessários ao futuro gestor: Gestão das Atividades de Segurança Privada, Gestão da Segurança Empresarial, Gestão e Análise de Riscos, Gestão de Crises Corporativas, Gestão de Projetos, Gestão de Sistemas de Segurança Eletrônica, Gestão de Sistemas contra Incêndio, Finanças Corporativas, Gestão da Qualidade, entre outras.
A atuação de um Gestor de Segurança é interdisciplinar e,
portanto, sua formação também, assim, deverá ser.