Introdução a Gestão de Riscos
de Sustentabilidade
Mário A. W. de Souza, MBS
Administrador, especialista em Gestão de Riscos pela Faculdade de Engenharia de São Paulo, Mestrando em Habitação
(Linha de pesquisa em Riscos) pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Atualmente é Consutor da Brasiliano INTERISK
As empresas buscam lucro. Essa máxima é antiga e perdura até hoje, porém, cada vez mais os Investidores, Conselho de Administração e Diretores buscam o crescimento sustentável.
Sustentabilidade, em simples análise, remete a biologia, as florestas, ao verde de uma forma geral, porém, esse conceito está cada vez mais ultrapassado, sendo vencido pela Sustentabilidade Empresarial, tema que vai além da biologia, envolve diversas áreas e, atualmente, está em voga, sendo pauta de reunião da alta administração e, em diversas organizações, com comitê exclusivo de sustentabilidade assessorando o conselho de administração.
A Sustentabilidade Empresarial aborda três grandes pilares: economia, social e ecológico. Esses pilares, quando trabalhados com sinergia e equilibrados tornam a empresa sustentável, conforme lógica abaixo:
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Economia: Empresas devem buscar lucro, porém, sua gestão deve vigiar as finanças, os relatórios financeiros, o sistema de governança e a relação com parceiros, concorrentes e o mercado de forma geral;
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Social: Empresas devem se envolver com as questões da sociedade a qual está inserida, não sendo um ente a parte e sim, um membro ativo e que agregue valor tanto para seus colaboradores como para a vizinhança, a cidade e a região;
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Ecológico: Empresas devem investir tempo e dinheiro na conservação e educação ambiental, na proteção da biodiversidade e na otimização dos seus processos.
Partindo do pressuposto que as empresas organizam suas atividades no bem disseminado ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act) e que, a fase de planejamento envolve o autoconhecimento, isto é, o mergulho no contexto interno e externo, na estratégia, nos fatores críticos de sucesso e, a partir daí, conhecer os Riscos que podem a afastar de seus objetivos (incluindo o de se tornar mais sustentável), a gestão de riscos deveria ser natural e sinérgica no âmbito da organização, protegendo os pilares da sustentabilidade.
Cabe destacar que as normas ABNT formuladas ou atualizadas após 2009, data da publicação da ISO 31000, dão grande representatividade a Gestão de Riscos, a citar a ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade) cujo tema deixou de ser um ponto isolado para tomar posição de destaque, onde a “Mentalidade de Risco” deve ser adotada do começo ao fim no sistema de gestão estruturado. Através desse destaque fica claro que a tendência é que a gestão de riscos se torne prática natural das organizações.
A conceituação da Sustentabilidade, conforme explicitado acima é simples, e a necessidade da gestão de riscos no âmbito empresarial deveria fazer parte da gestão, porém, a prática mostra que há uma reação e, a duras penas, seja por imposição de normas ou perdas por concretização de riscos, há um despertar para a necessidade de gerir riscos, porém, a dificuldade é saber o que engloba “Riscos de Sustentabilidade”.
A Gestão de Riscos de sustentabilidade envolve as disciplinas de Risco Social, Financeiro, Governança, Ambiental e Saúde e Segurança Ocupacional que, de forma sinérgica, devem baixar a probabilidade e/ou impacto dos riscos inerentes. Estruturar uma metodologia que atenda de forma individual cada disciplina é o desafio para suportar a gestão de riscos de sustentabilidade e, elementar, é desenvolver ferramentas para propiciar base comparativa entre o rol de disciplinas, assim, o segredo está na integração das disciplinas.
A ISO ABNT NBR 31000:2009 propõe um framework que atende a todas as necessidades das inúmeras normas (ISO 14001, ISO 9001 e demais), porém, o processo deve ser totalmente integrável, para que, tratando a sustentabilidade de diversas disciplinas, a matriz de risco, seja ela qual for, deve ser idêntica para propiciar a avaliação, caso contrário, a integração fica impossível e, desta forma, a gestão de risco de sustentabilidade torna-se míope a medida que cada disciplina é tratada de forma isolada.
As grandes empresas atualmente tratam o tema conforme elucidado acima, de forma isolada, não há integração entre as diversas disciplinas, exemplificando, Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Compliance possuem uma metodologia e uma matriz divergente, assim, o sistema fica totalmente descompensado, não há uma visão única de sustentabilidade.
Para que as informações sejam trabalhadas, o modelo das “Três Linhas de Defesa” deve ser operacionalizado na empresa, para que, a primeira linha identifique, analise e avalie os riscos sob sua responsabilidade, e a segunda linha de defesa trabalhe as informações oriundas da primeira linha, fazendo inteligência em riscos, assim, as diversas disciplinam tomam corpo e uma matriz de riscos de sustentabilidade pode ser elaborada, suportando os anseios da alta gestão.
Desta forma, a Gestão de Riscos de Sustentabilidade é multidisciplinar e, todas as disciplinas envolvidas de forma direta ou indireta sustentam o core business, não são processos fim, porém, possuem enorme potencial de impactar os processos de negócio e, por consequência, os objetivos estratégicos. Através de eventos danosos que vivenciamos ao longo dos anos, a alta gestão, principalmente o Conselho de Administração, tem dado especial atenção ao tema, cabe aos Gestores de Risco suprir, de forma estruturada e embasada, as necessidades da alta gestão.