top of page
Âncora 1

PONTO DE VISTA

Resiliência é uma característica do povo brasileiro! Mas até quando?

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano, CEGRC, CIEAC, CIEIE, CPSI, CIGR, CRMA, CES, DEA, DSE, MBS

21/12/2020

O governo brasileiro demora a reagir! Estamos lentos, o governo federal que tem por missão comandar e liderar a imunização contra o COVID-19 da nação brasileira, retarda sua decisão simplesmente por questões políticas. Classifico isto como atitude irresponsável e um enorme descaso com os brasileiros. Não há qualquer tipo de justificativa, pois os grandes países já possuem um plano nacional para imunizar seus povos e/ou já começaram, caso da Inglaterra.

 

Aqui no Brasil a ANVISA e o Ministério da Saúde não oferecem um Plano Nacional exequível, com prazos factíveis e recursos planejados. Descartam a vacina chinesa, que em parceria com o Instituto Butantã, uma das instituições de pesquisas científicas brasileiras com renome internacional, simplesmente não cogitam sua compra e emperram sua autorização, pela polarização política. Não há seringas suficientes, instrumento crucial para operacionalizar a vacinação para toda a população. Estamos dando uma demonstração de ineficiência e negacionismo monumental. Haja paciência! Até quando?

Eu estou enxergando uma grande dificuldade por parte do governo Bolsonaro, em entender as prioridades do Brasil. Está claro pela desinformação e caos no Ministério da Saúde. O mundo deu início à operação de vacinar suas populações, os imunizantes concluíram suas pesquisas – quase todos – e com doses prontas para serem utilizadas. Países anunciam e adotam medidas para vacinar, nos próximos dias e/ou semanas. No Brasil vivemos de comunicados aleatórios e desconexos que protelam a urgência do contexto que o mundo e o Brasil vivem. É um descalabro!

Em um momento o governo diz que em março começaria a vacinação, em outro o General Pazuello diz que precisa de 60 dias após a aprovação da ANVISA. Com uma observação retumbante, só um terço dos brasileiros serão imunizados em 2021. 

Isto para mim são artimanhas procrastinatórias de todos os lados e em todos os sentidos. Impossível sermos tão incompetentes! 

O Brasil, na sexta feira dia 11 de dezembro de 2020, ultrapassou 180 mil mortos e outros milhares de brasileiros ainda irão morrer pelo COVID-19. Cada minuto é importante, é uma luta contra o tempo e contínua, com um inimigo altamente letal. O que é preciso fazer para que o governo acorde e junte-se com os governadores para juntos, fazerem acontecer a imunização? Bolsonaro indagou estes dias o porquê da pressa? Precisa de resposta ou o nosso presidente está cego? 

Laboratórios estão solicitando no mundo inteiro autorizações de emergência para uma resposta adequadamente rápida. Países estão dando e alguns já deram a largada na imunização dos respectivos povos. Aqui não, a prioridade fica sendo corte da tarifa de importação de armas! Que país é este? 

Temos um risco político altíssimo, pois como teremos investidores que observam atentos a miopia do governo e a insegurança jurídica? Como? Não adianta fazermos planos econômicos para a retomada, se não tivermos brasileiros confiantes em seu governo. 

Lendo o livro “A Pilha de Areia – Ruptura” da economista brasileira e colunista de vários órgãos de imprensa no Brasil Monica de Boule, além de professora da Scholl for Advanced International Studies da Johns Hopkins University e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics, ela cita no capítulo inicial que “A economia é uma disciplina que nasceu da filosofia moral. O livro de Adam Smith, A Teoria dos Sentimentos Morais, delineou os pilares éticos, comportamentais e metodológicos que influenciariam toda sua obra, inclusive A Riqueza das Nações. Desse seu livro nasceu a economia política, que mais tarde passaria a ser apenas economia. Hoje uma ciência social aplicada, possui, portanto, uma longa história intelectual, que elabora sobre a sua dimensão normativa e não lhe sobrepõe as dimensões positivistas e suas práticas adotadas no ensino atual. Hoje os alunos de economia não são estimulados a pensar sobre valores nem a formular e pôr em debate os próprios juízos, quando confrontados com diferentes escolhas da política econômica. Por esta razão os novos economistas só costumam se ater a análises rígidas de custo-benefício, a métodos estritamente quantitativos que não tornam suas proposições necessariamente mais rigorosas, o efeito pode até ser contrário”. 

A crise humanitária que o COVID-19 causou, colocou em evidência essa grave falta de visão, inclusive no Brasil com toda a polarização que tivemos. Com a visão da interconectividade de riscos, o desgaste causado com consequências para os empreendedores e a população menos favorecida, teria sido bem menos impactante. 

As ações integradas do governo brasileiro seriam muito mais eficazes, com resultados reais. Isto porque os riscos políticos e econômicos não entraram em sintonia, exponenciando a fonte geradora que é a pandemia. Ou seja, se não tratarmos com vigor e rapidez a pandemia do COVID-19, esta irá matar cada vez mais, expondo, principalmente a população mais vulnerável. Daí a rapidez das decisões não serem políticas. 

Em São Paulo estamos em uma cruzada contra o tempo, já com as respostas prontas para serem disparadas, com vacinas compradas e estocadas esperando o aval dos órgãos reguladores, que já se programaram para começar a vacinação em 25 de janeiro de 2021. São Paulo já possui logística estruturada e seu sistema de saúde em condições de suportar a demanda necessária. Ponto importante, São Paulo abraçou a vacina do Butantã, ressaltando mais uma vez, um instituto de pesquisas brasileiro mais destacado entre os melhores do mundo. O Brasil deveria ter orgulho desta notoriedade e não fingir que não enxerga por puro interesse político! Lamentável. 

Butantã desenvolveu a Coronavac em parceria com o laboratório chinês Sinovac, onde já está na fase três de testes, apresentou o mais alto grau de eficácia, entre todos os avaliados, com índice de 97%. O Instituto Butantã diz ter condições de produzir, desde já, a Coronavac para atender todo o Brasil. Mas nosso governo, míope, sem prestigiar a ciência, encomendou para outro laboratório, Oxford, que ainda está em fase mais atrasada, gastando bilhões de reais para encomendar lotes da vacina.         

Imprudência, negligência e imperícia, formaram a tríade do governo brasileiro, quando optou por politizar as aprovações de imunizantes. 

Bolsonaro faz companha abertamente contra a vacina, alardeando que não vai tomar, que ninguém pode culpar pelos efeitos colaterais. Para mim é uma covardia moral, que agride a ciência e os princípios basilares da moralidade. Os laboratórios mais modernos do mundo conseguiram um grande feito em produzir os vários imunizantes, em tempo recorde. Um grande feito da humanidade, contra um mal que matou milhões de pessoas. 

Caminhar para esta direção é um suicídio, que não pode levar a Nação Brasileira com ele. Os governadores, o Congresso, Legislativo e o STF caminham para viabilizar acesso global para compra de imunizantes. É o executivo a reboque das necessidades vitais do Brasil. 

Escrevi, no último ponto de vista, Revista Gestão de Riscos 148, que governabilidade é a estabilidade democrática e a produção de reformas, através das instituições e atores políticos do Brasil. O Brasil possui um regime presidencialista, onde possuímos três poderes independentes: o Executivo que tem por função governar sugerindo as medidas necessárias do seu Plano de Governo; o Legislativo que toma as decisões, tem o poder de vetar as sugestões do Executivo ou até impor medidas propostas pelos deputados e senadores e por final o Judiciário, que controla o Governo. A capacidade de gerenciar para governar, ter o poder de fazer passar suas sugestões e a de seus ministros, é a arte da GOVERNABILIDADE. O Executivo tem o papel de liderar politicamente, escolher estrategicamente seus atores para a capacidade de decisão do governo. 

Se utilizarmos a técnica da Matriz de Impactos Cruzados entre Riscos, com base no Teorema de Bayes, enxergamos claramente que a polarização do poder executivo brasileiro só leva a desgastes e ineficiência. Vejam o estudo: 

Tabela 1: Listagem de Riscos Estratégicos do Brasil | Software Segurança Publica
Software INTERISK - Brasiliano INTERISK

Tabela 1: Listagem de Riscos Estratégicos do Brasil

Matriz de Impactos Cruzados – MIC | Software segurança pública

Figura 1: Matriz de Impactos Cruzados – MIC, construída com base no maior e menor grau de motricidade e dependência, gerando uma Matriz com quatro quadrantes:
I – Ligação, riscos são instáveis, mas influenciam os dependentes;
II – Motriz, riscos que influenciam os riscos localizados no quadrante de ligação e de dependência;
III – Dependentes, riscos que serão materializados com a influência dos riscos de ligação e motrizes;
IV – Riscos considerados independentes, são franco atiradores, não fazem conexão com nenhum tipo de risco do contexto.    Fonte: Brasiliano, Antonio Celso Ribeiro. Inteligência em Riscos.

O que significa a Matriz de Impactos Cruzados?

Significa que o Risco Motriz é o tratamento da Pandemia COVID-19. O risco Motriz Pandemia é fonte geradora, influencia o contexto inteiro do Brasil, impactando os riscos de ligação: Risco Político e o Risco Econômico, que possuem influência entre si, gerando instabilidade na conjuntura Brasil. 

Por esta razão é que deveria haver um consenso entre a economia e a política, nunca poderia ter havido a polarização que tivemos entre cuidar da economia ou da pandemia. A pandemia COVID-19 é motriz, obrigatoriamente tem que ser cuidada como prioridade. Caso isso não aconteça, sempre teremos a fonte geradora de riscos ativa para materializar os riscos dependentes, além de ser fonte para uma crise institucional de grande magnitude, no quesito Político e Econômico, riscos de ligação.

Na nossa prospectiva, Brasiliano INTERISK, o atual governo possui um grande risco de perder a Governabilidade, onde posso citar como evidência a última reunião dos governadores, este mês de dezembro de 2020, com o Ministro da Saúde, para cobrar providências. O cerco se fecha de forma gradual e contínua. Abaixo nossa avaliação do Risco Político do Brasil na atual conjuntura, segundo nossa visão.

Analise Risco Político | Software segurança pública
Analise Risco Político | Software segurança pública

Consideramos o Risco Político como Elevado, segundo os critérios adotados acima, e, pela opinião dos consultores da Brasiliano INTERISK. Uma das grandes justificativas para este nível estar tão elevado é pela incapacidade do governo articular com o Legislativo. Hoje está muito complexa esta relação, a ponto do próprio Deputado Ricardo Barros (PP – PR), líder do Governo na Câmara dos Deputados ter dado uma entrevista na Revista Isto É, número 2657 de 12 de dezembro de 2020, e ter dito que o “Presidente não deveria interferir na eleição do Congresso”. Ele, Deputado Ricardo Barros, é considerado bombeiro, pois vive colocando panos quentes entre ministros e parlamentares.

Outro sintoma, é a declaração do parlamentar Rodrigo Maia, hoje Presidente da Câmara dos Deputados que também falou para a imprensa: “logo a população pode entrar em pânico sem a cobertura vacinal e que o presidente está de fato perdendo o controle do assunto.” Rodrigo Maia pretende votar uma MP que dê acesso global para a compra nos próximos dias. Maia afirma que o Legislativo definirá um plano de vacinação, com ou sem governo.

Isto significa a inabilidade pura do nosso poder executivo. Se não houver uma reversão drástica, podemos caminhar para a possível descontinuidade do governo. Mesmo na vã ilusão de achar que com o Centrão sendo cooptado para votar pró governo. Lembrai-vos da Presidente Dilma, em 2013, que com uma base governista de 80% da Câmara dos Deputados, não conseguiu suporte incondicional, em função das Manifestações da População Brasileira, nas ruas por todo o Brasil. Estas manifestações foram espontâneas e principal causa dos deputados da base governista irem em direção aos anseios da sociedade brasileira a acatar a vontade do Palácio do Planalto.  

Portanto mesmo que o Presidente Bolsonaro, hoje, tenha uma popularidade em torno de 37%, segundo a pesquisa da DataFolha, não significa que esta popularidade não possa despencar. Este é o nosso cenário prospectivo. Basta a população sentir-se sem acolhimento e renegada a um segundo plano.

Analise Risco Político | Software segurança pública

Não podemos esquecer que o Brasil ainda que, tenha um segundo lugar de óbitos no mundo, em números absolutos, por ser continental, a população ainda não sentiu o grande baque que os países da Europa e Estados Unidos estão sofrendo.

Espero que haja esta reversão e que o poder executivo tire as vendas dos olhos, para o bem do Brasil. Torço para isso.

Boa Leitura!

 

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano

Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK

abrasiliano@brasiliano.com.br

bottom of page