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Âncora 1

PONTO DE VISTA

Apagão de liderança e obscurantismo no Brasil!

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano, CEGRC, CIEAC, CIEIE, CPSI, CIGR, CRMA, CES, DEA, DSE, MBS

19/01/2021

Escrevi esse texto, antes da aprovação das vacinas, no dia 7 de Janeiro.

 

O ano de 2020 findou, e será conhecido e lembrado como o ano da Pandemia do COVID-19! Com ela veio a maior crise global, marcada por mais de um milhão e oitocentos e oitenta e quatro mil vidas perdidas no mundo (dado de 06 de janeiro de 2021).

 

Vivemos também a Incerteza, a Insegurança, o Medo e o Pessimismo em não saber como lidar com a nova forma de vida que fomos obrigados a se adaptar. Tivemos que ser antifrágil e não somente resilientes.

O ano de 2020 também descortinou o obscurantismo político no Brasil, com uma estúpida e idiota polarização sem sentido, que só vitimou mais brasileiros, deixando-nos com a medalha de prata, somente atrás dos Estados Unidos em número de mortes. Triste segundo lugar! 

Reformas cruciais como a administrativa e a tributária não saíram do papel. O liberalismo, no meu ponto de vista, andou para trás, como caranguejo. Que desilusão! 

Enxergo 2020 como um ano em tivemos que conviver com a morte e lutar pela vida.

Dentro destes cenários vejo uma grande dificuldade, por parte do atual Governo, em entender as prioridades do nosso país. Fica claro pela desinformação e confusão do Ministério da Saúde que o mundo começou a vacinar a população, e os imunizados encerraram suas pesquisas - quase todas as pesquisas - e estavam prontos para usar a dosagem. Os países anunciaram e adotaram medidas de vacinação. No Brasil, vivemos em comunicações aleatórias e intermitentes, o que atrasa a urgência do mundo e do meio ambiente brasileiro.

O governo afirmou que iniciaria a vacinação em março. Por outro lado, o general Pazuello afirmou que seria necessário vacinar 60 dias após a aprovação da ANVISA. A observação chocante é que apenas um terço dos brasileiros será imunizado até 2021. Esses são truques de procrastinação em todas as direções para mim.

O Brasil, neste início de janeiro ultrapassou o número de 200 mil mortos, com 1.524 óbitos em 24 horas e outros milhares de brasileiros ainda irão morrer pelo COVID-19. O fugaz tem se tornado cada vez mais importante, é uma luta com o tempo e uma luta contínua, com inimigos altamente letais. O que o governo precisa fazer para acordar e trabalhar com união para que a imunização aconteça em conjunto?

Laboratórios em todo o mundo estão solicitando autorização com urgência para responder de forma adequada e rápida. Os países estão ajudando, e alguns países começaram a imunizar seu povo. Enfrentamos altos riscos políticos, por que como faremos os investidores prestar atenção seriamente à miopia do governo e à insegurança jurídica? Se não confiarmos no governo brasileiro, não há necessidade de formular um plano de recuperação da economia. Além disso, nosso Presidente mais uma vez cometeu improbidade em 5 de janeiro de 2021, informando que o Brasil está quebrado. Felizmente, suas palavras não afetaram mais o mercado financeiro, tanto que mesmo com esse fato a bolsa subiu 0,4%.

Usando novamente a citação do livro “A Pilha de Areia – Ruptura” da economista brasileira e colunista de vários órgãos de imprensa no Brasil, Monica de Boule, além de professora da Scholl for Advanced International Studies da Johns Hopkins University e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics, ela cita no capítulo inicial que “A economia é uma disciplina que nasceu da filosofia moral. O livro de Adam Smith, A Teoria dos Sentimentos Morais, delineou os pilares éticos, comportamentais e metodológicos que influenciariam toda sua obra, inclusive A Riqueza das Nações. Desse seu livro nasceu a economia política, que mais tarde passaria a ser apenas economia. Hoje uma ciência social aplicada, possui, portanto, uma longa história intelectual, que elabora sobre a sua dimensão normativa e não lhe sobrepõe as dimensões positivistas e suas práticas adotadas no ensino atual. Hoje os alunos de economia não são estimulados a pensar sobre valores nem a formular e pôr em debate os próprios juízos, quando confrontados com diferentes escolhas da política econômica. Por esta razão os novos economistas só costumam se ater a análises rígidas de custo-benefício, a métodos estritamente quantitativos que não tornam suas proposições necessariamente mais rigorosas, o efeito pode até ser contrário”.

A crise humanitária provocada pelo COVID-19 evidencia essa grave falta de visão, e mesmo no Brasil, temos toda a polarização. Do ponto de vista da interconexão de risco, os danos causados pelas consequências para os empresários e os grupos mais vulneráveis são muito menores.

As ações abrangentes do governo brasileiro serão mais eficazes e alcançarão resultados tangíveis. Isso ocorre porque os riscos políticos e econômicos não são coordenados, expondo a causa raiz da pandemia. Ou seja, se essa epidemia não for enfrentada, vai matar cada vez mais pessoas, expondo principalmente as pessoas mais vulneráveis. Portanto, a velocidade da tomada de decisão não é política.

Em São Paulo, foi construído um sistema de logística e saneamento que pode atender às necessidades. O importante é que São Paulo recebeu a vacina do Butantã, mais uma vez destacando a posição das instituições de pesquisa brasileiras entre as melhores instituições de pesquisa do mundo.

O Butantã se uniu com o laboratório chinês Sinovac para desenvolver o Coronavac. E conseguiu fazer com a eficácia mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nenhum dos voluntários morreu, desenvolveu formas graves de COVID-19 ou precisou de hospitalização.

O Instituto Butantã afirmou que pode produzir a Coronavac para atender todo o Brasil.

Mas nosso governo, míope, sem prestigiar a ciência, encomendou para outro laboratório, Oxford, que ainda está em fase mais atrasada, gastando bilhões de reais para encomendar lotes da vacina. No momento, neste início de ano, o General Pazuello – Ministro da Saúde, disse ter um acordo de importação de 100 milhões de doses da vacina da China, logo desmentida pelo Governador Dória.

É importante tomar ciência de que somente com a produção local das vacinas conseguirão atender a nossa enorme demanda. Nosso país agiu tardiamente nessa luta contra o coronavírus.

Em números absolutos, estamos apenas atrás dos Estados Unidos, onde 360.000 pessoas morreram. Especialistas dizem que este indicador mostra que não há luta contra a pandemia. As principais razões são a falta de coordenação do governo federal na resposta a esta doença e a negação do Presidente Bolsonaro da gravidade da crise de saúde.

Nosso presidente se opõe publicamente a essa vacina, alegando que não vai tomar essa vacina, ninguém pode culpar esse efeito colateral. Para mim, isso é uma espécie de covardia moral, atacando os princípios básicos da ciência e da moralidade. Por isso, ele incentiva quem mais precisa de informação a não vacinar, o que é prejudicial à nação brasileira. O laboratório mais moderno do mundo fez grandes conquistas na produção de vários agentes de imunização em tempo recorde. Um grande feito da humanidade para lidar com o mal que matou milhares de pessoas.

Seguir nessa direção é suicídio, você não pode se suicidar com a nação brasileira. O governador, o Congresso, o Legislativo e o STF estão trabalhando muito para disponibilizar as vacinas de imunização em todo o mundo. Ele é o diretor executivo de importantes necessidades brasileiras.

Em um artigo publicado na Revista Gestão de Riscos 148, eu ressalto que a Governabilidade é a estabilidade democrática e a produção de reformas, através das instituições e atores políticos do Brasil. O Brasil possui um regime presidencialista, onde possuímos três poderes independentes: o Executivo que tem por função governar sugerindo as medidas necessárias do seu Plano de Governo; o Legislativo que toma as decisões, tem o poder de vetar as sugestões do Executivo ou até impor medidas propostas pelos deputados e senadores e por final o Judiciário, que controla o Governo. A capacidade de gerenciar para governar, ter o poder de fazer passar suas sugestões e a de seus ministros, é a arte da GOVERNABILIDADE. O Executivo tem o papel de liderar politicamente, escolher estrategicamente seus atores para a capacidade de decisão do governo. Isto não acontece neste momento no Brasil.

Se utilizarmos a técnica da Matriz de Impactos Cruzados entre Riscos, com base no Teorema de Bayes, vemos claramente que a polarização do poder executivo brasileiro só levará ao desgaste e ineficiência. Vejam o Estudo Abaixo:

Tabela 1: Listagem de Riscos Estratégicos do Brasil | Software Segurança Publica
Software INTERISK - Brasiliano INTERISK

Tabela 1: Listagem de Riscos Estratégicos do Brasil

Matriz de Impactos Cruzados – MIC | Software segurança pública

Figura 1: Matriz de Impactos Cruzados – MIC, construída com base no maior e menor grau de motricidade e dependência, gerando uma Matriz com quatro quadrantes:
I – Ligação, riscos são instáveis, mas influenciam os dependentes;
II – Motriz, riscos que influenciam os riscos localizados no quadrante de ligação e de dependência;
III – Dependentes, riscos que serão materializados com a influência dos riscos de ligação e motrizes;
IV – Riscos considerados independentes, são franco atiradores, não fazem conexão com nenhum tipo de risco do contexto.    Fonte: Brasiliano, Antonio Celso Ribeiro. Inteligência em Riscos.

Vale sempre relembrar o que constitui a Matriz de Impactos Cruzados que é, o Risco Motriz é o tratamento da Pandemia COVID-19. O risco Motriz da Pandemia é fonte geradora, influencia o contexto inteiro do Brasil, impactando os riscos de ligação: Risco Político e o Risco Econômico, que possuem influência entre si, gerando instabilidade na nossa conjuntura socio econômica.  

Portanto, deve-se chegar a um consenso entre economia e política, e nunca houve polarização entre cuidar da economia ou da pandemia. A pandemia COVID-19 está se intensificando e deve ser considerada uma das principais prioridades. Se isso não acontecer, sempre teremos fontes ativas de geração de risco para perceber os riscos dependentes, além das principais fontes de crises institucionais ligadas aos riscos na política e na economia.

Do ponto de vista da Brasiliano INTERISK, o atual governo enfrenta um grande risco de perder governança, posso citar aqui a evidência de que a última reunião do governador com o Ministro da Saúde em dezembro de 2020 exigiu medidas. 

Abaixo nossa avaliação do Risco Político do Brasil na atual conjuntura, segundo nossa visão: 

Analise Risco Político | Software segurança pública
Analise Risco Político | Software segurança pública
Software INTERISK - Brasiliano INTERISK

Consideramos o Risco Político como elevado, segundo os critérios adotados acima, e, pela opinião da Brasiliano INTERISK. Uma das grandes justificativas para este nível estar tão elevado é pela incapacidade do governo articular com o Legislativo. Ainda está muito complexa esta relação, ao ponto do próprio parlamentar Rodrigo Maia, atualmente Presidente da Câmara dos Deputados que declarou para a imprensa: “logo a população pode entrar em pânico sem a cobertura vacinal e que o presidente está de fato perdendo o controle do assunto”.

Isso significa que não temos nenhuma execução. Se não houver uma grande reversão, podemos avançar em direção a uma possível descontinuidade governamental. Mesmo que fosse apenas uma ilusão, ele optou por deixar o Centrão votar no governo. Vale lembrar que a presidente Dilma não recebeu apoio incondicional no governo da Câmara dos Deputados em 2013, com 80% da Câmara dos Deputados como sede do governo, devido ao desempenho da população brasileira. Essas atuações são espontâneas e levam os representantes da base governamental a caminharem em direção aos anseios da sociedade brasileira em cumprir os anseios do Palazzo Pranato. Portanto, de acordo com a pesquisa DataFolha, mesmo que a popularidade do atual presidente Bolsonaro esteja em torno de 37%, isso não significa que essa popularidade não irá despencar. Este é o nosso cenário prospectivo. Basta que as pessoas se sintam desacostumadas e rejeitem o segundo plano.

Analise Risco Político | Software segurança pública

Não devemos esquecer que, embora o Brasil ocupe o segundo lugar em número absoluto de mortes no mundo, por ser continental, a população brasileira ainda não sentiu o golpe que americanos e europeus sofreram. Espero que haja uma grande reversão neste cenário e que o governo abra os olhos para o bem do Brasil.

Boa Leitura!

 

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano

Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK

abrasiliano@brasiliano.com.br

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