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Âncora 1

PONTO DE VISTA

A dança das cadeiras dos ministros das forças armadas aumenta o nosso Risco Político? CPI da Covid-19 coloca em risco a estabilidade do Brasil?

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano, CEGRC, CIEAC, CIEIE, CPSI, CIGR, CRMA, CES, DEA, DSE, MBS

06/05/2021

Risco Político é considerado muito alto no Brasil. A pandemia agravou ainda mais esse cenário e influencia diretamente sobre a eficácia do governo federal. Poderemos ter surpresas na CPI do Senado Federal sobre a responsabilização da crise sanitária, que hoje, deixa o Brasil praticamente isolado do mundo.

Bolsonaro continua no intento incansável de criar exércitos para chamar de seus. Na sociedade brasileira, fomenta o acesso às armas e uma cultura de violência, em nome da liberdade e segurança individuais. Pesquisa da revista Exame, publicada no dia nove de abril de 2021, comprova a queda de sua popularidade e a discordância do governo federal com a gestão da crise pandêmica, o que o deixa cada vez mais distante da reeleição para 2022.

A crise militar desencadeada por Bolsonaro deixou no ar um misto de apreensão. Teoricamente, no Exército a lista não foi tríplice, mas sim quíntupla, ou seja, cinco generais 4 estrelas foram colocados na lista para a escolha do presidente da República. Na Marinha e Aeronáutica, foram a lista tríplice e o critério foi a antiguidade. 


No Exército Brasileiro não foi a antiguidade, o escolhido foi general Paulo Sérgio, da turma de aspirantes de 1980. Ainda havia três generais da turma de 1979, o primeiro colocado da turma de aspirantes, oriundo da arma de cavalaria, tríplice coroado (primeiro lugar nos cursos da AMAN, ESAO e ECEME), o segundo colocado da turma de aspirantes, oriundo da arma de infantaria, paraquedista e forças especiais, o terceiro colocado do curso de Cavalaria da Turma de 1979, que pode ficar na ativa até agosto de 2021 e o primeiro colocado da turma de 1980. 


Houve, portanto, no meu ponto de vista e também porque sou aspirante da turma de 1979, quebra da tradição militar. Fato igual ao que ocorreu com o general Geisel, como presidente da República, ao promover o general Figueiredo a General 4 estrelas para ser o próximo presidente da República. Na época o então Ministro do Exército, General Frota, como discordou do processo, foi demitido, o que gerou grande burburinho na tropa pela também quebra da tradição, gerenciada pelo General Geisel e assessores, conseguindo acalmar a tropa. 


No caso atual, as trocas do ministro da Defesa e das três Forças Armadas, foi motivada pelo fato dos oficiais generais discordarem, de forma direta, da instrumentalização política das Forças Armadas. O general Pujol chegou a proferir duas palestras, uma na Escola Superior de Guerra (ESG) e outra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), afirmando que o Exército Brasileiro é um instrumento do Estado e não do governo e a política fica de fora dos quartéis. Estes fatos devem ter irritado o presidente que decidiu, aproveitando que teria que demitir o ministro de Relações Exteriores por pressão do Senado e pela incompetência, dita pelos senadores, resolveu soltar uma cortina de fumaça para atrair a atenção. Ruído no Exército Brasileiro? Na minha opinião teve e tem, pois muito dificilmente o Exército Brasileiro irá fazer algo que coloque em exposição a quebra da disciplina e colocar em risco os parâmetros da democracia. Pela lei, Bolsonaro tem o direito de escolher quem melhor lhe convier, seguindo a hierarquia. Ele seguiu, pois tinha uma lista na mão, o que aconteceu foi quebra da tradição militar. Também o Exército Brasileiro não irá cair na tentação de realizar uma aventura, neste momento instável que o Brasil passa pela crise sanitária. Já está exposto demais com a atuação do ex-ministro da saúde general Pazuello.     


Bolsonaro é sistemático e incansável no intento de criar exércitos para chamar de seus. Na sociedade brasileira, fomenta o acesso ás armas e uma cultura de violência, em nome da liberdade e segurança individuais. Tenta usar seu poder pessoal de presidente da República para reforçar sua identidade com grupos de indivíduos que fazem da intimidação um modo de ser. Lamentável!


Nos estados da federação, fomenta a discórdia das forças auxiliares para se, em algum momento precisar, poderá contar com numerosas Polícias Militares para, a seu comando, encostar governadores na parede. 


Com sua popularidade em baixa, em função dos resultados nefastos da pandemia, e com inimigos políticos como relatores, buscando a responsabilização do governo federal sobre a crise sanitária, Bolsonaro se vê hoje, encurralado, tendo apenas uma saída: jogar cortina de fumaça ao afirmar de forma categórica e inconsistente que colocaria o exército na rua para restaurar a liberdade do cidadão de ir e vir.

Ridícula a posição do presidente Bolsonaro, pois ele, sim, ele mesmo, é o responsável por esse resultado medíocre em termos de não termos vacinas, falta de oxigênio, investimentos públicos massivos em medicação contra o Covid-19, sem comprovação acadêmica e médica, além do aumento de óbitos em função da segunda onda. Diga-se de passagem, onda previsível, pois inúmeros países já estavam sofrendo com a falência dos sistemas de saúde, e, nós do Brasil não tivemos capacidade de estruturar Planos de Contingência e de Continuidade. Total negligência e imperícia por parte do governo federal.  


Eu, Brasiliano, escrevi em inúmeros boletins da Covid-19, da Brasiliano INTERISK, publicados em 2020, que a falta de convergência política na condução da crise, falta de um gabinete de crise, falta de liderança na figura do presidente Bolsonaro, que ficou frio e gélido, com toda esta má gestão, sempre querendo colocar a culpa nos governadores e prefeitos, que estavam tentando lutar por vidas. Sem eles, o Brasil teria consequências desastrosas. Escrevi também que a economia não iria, como acontece, recuperar em V. Impossível, tendo que haver isolamentos constantes. 


O presidente Bolsonaro não entendeu até agora que o Brasil é um país Federativo, não uma República das Bananas. O presidente da República teria que liderar e não mandar em uma crise desta magnitude. 


Fato é que sua popularidade está em queda. Basta olharmos os resultados da pesquisa Exame, publicada no dia nove de abril de 2021, que teremos uma clara ideia da escala descendente que está ocorrendo. Abaixo algumas telas da referida pesquisa: 

 pesquisa Exame Bolsonaro
 pesquisa Exame Bolsonaro
 pesquisa Exame Bolsonaro
 pesquisa Exame Bolsonaro
 pesquisa Exame Bolsonaro

Fonte: Revista Exame

Apenas alguns flashes da pesquisa para comprovar que a queda da popularidade e da discordância do governo federal, com a gestão da crise pandêmica, deixa cada vez mais longe a reeleição para 2022. Com a entrada de Lula, tendo sido anulado suas condenações pelo STF, a polarização tende a crescer e tornar conta do ambiente eleitoral brasileiro, de novo, esquerda e direita. Só se resolve se houver um nome de centro com força e credibilidade necessária para quebrar a ruptura de tendência. O PSDB terá prévias agora, mês que vem, tendo já confirmado a participação do senador, Tasso Jereissati, que poderá ser uma saída de centro. 


O Brasil precisa neste momento de um discurso de esperança, não mais de polarização entre esquerda e direita. Tem que haver convergência para que o Brasil tenha planos consistentes e que a população Brasileira veja uma luz ao final deste túnel obscuro que o Brasil se encontra. 


A CPI Covid-19 trás mais instabilidade, reforçada pelo relator Senador Renan Calheiros, desafeto político do presidente da República Bolsonaro. A CPI irá analisar fatos, e contra fatos não há argumentos. O presidente Bolsonaro mexe suas peças do xadrez político, contando com o acordo que realizou com o centrão. Jogo perigoso, pois a ex-presidente da República Dilma também possuía acordos que lhe davam maioria e, mesmo assim não conseguiu sair do impeachment. A grande mídia aposta que, mesmo com desgaste político, o impeachment não sairá. 


Não sei, no Brasil tudo pode acontecer, haja visto o que fizeram com a lava jato e a anulação dos processos de Lula. Só sei que o jogo acaba, quando o juiz apita. Portanto, temos um período de grande ansiedade e instabilidade pela frente até o fim da CPI. Mas um tenho certeza que mesmo sem o impeachment, o contexto do Brasil mudará.   


Com todo esse imbróglio político, o mercado financeiro fica instável, dólar sobe, investidores estrangeiros não realizam aportes, os projetos de privatizações não saem da gaveta, com raras exceções, cito os aeroportos que foram privatizados. O Brasil em termos econômicos está estagnado e a nossa tendência é ficarmos paralisados até 2022, se nada acontecer. Por essa razão, o Risco Político Brasileiro hoje é considerado pela Brasiliano INTERISK, como muito elevado. Veja o processo de Análise de Risco Político Brasileiro abaixo: 

estudo risco político, software interisk - brasiliano interisk
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software interisk

Fonte: Software INTERISK – Brasiliano INTERISK.

O Risco Político é considerado muito alto em função de sete Macro Fatores e seus Fatores de Riscos, considerados por nós de grande relevância. São eles:  


1)    Estabilidade do governo;


2)    Condições socioeconômicas;


3)    Segurança jurídica;


4)    Desordem civil;


5)    Accoutability democrática - participação da sociedade;


6)    Lei e ordem;


7)    Militares na política.


A Pandemia Covid-19 influencia diretamente a eficácia do governo federal e poderemos ter surpresas na CPI do Senado Federal sobre a responsabilização da crise sanitária, que hoje, deixa o Brasil praticamente isolado do mundo. 


Enquanto não tivermos efetivo controle sobre a pandemia, que só será eficaz com a vacinação em massa ou o isolamento social, o Brasil não possuirá condições de acertar seus passos rumo ao futuro. Mais uma vez, teremos gerações de jovens frustrados e com sérias consequências sociais. 


Embora a taxa de transmissão melhorou, e é considerada a pandemia controlada – taxa Rt < 1, o contexto brasileiro ainda não é confortável. Estamos com oito estados da federação na condição da taxa ser acima do parâmetro controlado, o que os coloca no quadrante vermelho. O restante dos estados, 19 no total, estão na condição controlada – cor laranja. Porém, 26 estados brasileiros ainda se encontram com ocupação das UTI’s muito elevada. O que é sintoma crítico. Há a necessidade de medidas profiláticas mais eficazes e uma virada de mesa para termos a vacinação em massa. 

Fonte: Software INTERISK – Brasiliano INTERISK.

Espero que consigamos ultrapassar esse enorme obstáculo que temos pela frente. 
Boa Leitura!


Antonio Celso Ribeiro Brasiliano
Publisher da Revista Gestão de Riscos e presidente da Brasiliano INTERISK
abrasiliano@brasiliano.com.br

 

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