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Banco Master, mais um caso de Boardwashing? Precisamos do Macaco Simão para Senador, não acham?

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano, PhD,
Doutor em Filosofia da Ciência da Segurança Internacional,
pela Universidade de Cambridge, Inglaterra.
Presidente da Brasiliano INTERISK

Novembro - Dezembro | 2025                                                                                                                                                    

 

Mais um caso de fraude bilionária de um banco, no caso o Master, com decretação de liquidação extrajudicial, pelo Banco Central do Brasil, na casa dos R$ 12 bilhões em fraudes e com R$ 62 bilhões de depósitos. O CEO, Daniel Vocaro, foi preso tentando fugir para Malta. Na manhã do dia 29 de novembro, sábado, foi solto com tornezeleira eletrônica.

 

Deste jeito só o Macaco Simão como Senador da República teria condições de não prejudicar a sociedade e nos fazer assistir mais uma rodada de pizza!! Quem quer comer mais? Temos ainda várias rodadas!!!

 

O termo boardwashing refere-se à prática de uma empresa criar ou manter um conselho de administração de fachada, que existe principalmente para fins de imagem pública, legitimar decisões já tomadas ou cumprir formalidades regulatórias, em vez de exercer uma supervisão e responsabilidade reais. 

O termo é uma analogia a outros "washings" (lavagens) corporativas, como o greenwashing (práticas ambientais enganosas) e whitewashing (branqueamento de imagem), e implica uma falta de integridade e eficácia na governança corporativa. Mais um apelido pejorativo, para processos de governanças de fachada, para inglês ver.

 

O que me chama a atenção é porque os órgãos de supervisão e instituições regulatórias não agem antes de os riscos serem materializados. As respectivas instituições alegam que não possuem estrutura para realizar fiscalizações. Mas temos que concordar que há empresas nos mercados regulados, do tipo o bancário, que estão com sintomas e sinais amarelos piscando.

Vejamos o caso do Banco Master, com visão holística e mais aprofundada:

 

1. Visão Holística

 

Em 18/11/2025 o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master S.A. e do Banco Master de Investimento por gravíssima deterioração financeira, descumprimento regulatório e risco à estabilidade do sistema. No mesmo contexto, a PF deflagrou a Operação Compliance Zero, apontando um esquema bilionário de fraudes em títulos de crédito, com créditos fictícios estimados em até R$ 10–12 bilhões, atingindo milhões de clientes e envolvendo o banco público BRB. O BC relata que enfrentou forte lobby político para adiar a intervenção e “salvar” o Master, algo descrito à PF como “o maior lobby político já visto” pela instituição.

 

2. Quais são as causas relevantes da fraude dentro do Banco Master?

2.1 Estrutura básica do esquema

 

a) Emissão e venda de créditos/títulos “podres” ou fictícios

Emissão de títulos de crédito lastreados em carteiras de empréstimos supostamente consignados, via empresas intermediárias (como a offshore/“noteira” Tirreno e a instituição Cartos), com fortes indícios de que parte relevante desses créditos não existia ou estava superavaliada.

Esses papéis eram revendidos ao BRB e a outros investidores institucionais, gerando liquidez artificial para o Master.

b) Crescimento agressivo financiado com dívida de alto rendimento

O Master cresceu oferecendo CDBs e Letras Financeiras com taxas muito acima do mercado (ex.: CDBs pagando até 181,5% do CDI em 2025), atraindo investidores de plataformas de investimento e fundos de pensão. Esse modelo mascarava problemas estruturais: o banco precisava captar caro para se manter, o que é típico de instituição com risco elevado.

 

c) Contabilidade e governança distorcidas para ocultar perdas

Uso de operações estruturadas para esconder inadimplência e deterioração de ativos – por exemplo, trocas sucessivas de carteiras “ruins” por carteiras supostamente “novas” dentro do mesmo grupo econômico, sem substância econômica real. Fragilidade clara de controles internos, auditoria e compliance, com “compliance de fachada”, que dá nome à operação da PF (“Compliance Zero”).

 

d) Capitalismo de compadrio e captura de proteção política/jurídica:

Reportagens apontam para uma teia de relações políticas, contratações de escritórios de advocacia de figuras influentes, lobby intenso e tentativas de blindagem institucional, caracterizado por analistas como “capitalismo de compadrio”.

 

e) Estrutura de Governança padrão BoardWashing

CEO, Acionista controlador e Futuro presidente do conselho (na venda ao BRB): Daniel Vorcaro. Zero de Governança. Conselheiros independentes, nenhum identificado. Controladores no board: somente 3 sócios. Ex-administradores listados: 5 executivos. Separação real entre propriedade e gestão: inexistente.

Comitê Consultivo Estratégico (a "blindagem de prestígio"):

- Ricardo Lewandowski (ex-ministro do STF); Gustavo Loyola (ex-presidente do Banco Central); Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central); Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda); Geraldo Magela (ex-técnico do BC).

Consultores e Conexões: Michel Temer (ex-presidente da República), contratado para "abrir portas" e Escritório Barci de Moraes (família de ministro do STF Alexandre de Moraes) - representação jurídica.

 

Questão que não se cala: com um time de tão alto quilate, ninguém levantou uma bandeira sequer, mesmo com muitas bandeiras de fraude desfraldadas e 100% ao vento para quem quisesse ver. Eu, particularmente, não aceito. Impossível dançar deste jeito e não chamar a atenção. Fraude estruturada com a aposta dos fraudadores terem jogado alto na impossibilidade de serem flagrados com um time de campeões deste nível. Mas é assim que o barco se desgoverna. Em mar revolto, acreditaram que dava para navegar sem serem importunados. Senhores, muita cara de pau! Desculpem minha franqueza. Ou o judiciário, junto com os órgãos reguladores, moraliza esta festança, ou o Brasil ficará sendo um paraíso fiscal pelos números de impropérios existentes. Temos que moralizar!!

 

3. Os alertas que deveriam ter gritado para todo mundo e ninguém fez questão de ver ou ouvir:

 

3.1 Para o MERCADO (investidores, analistas, plataformas)

 

  1. Captação com taxas “irracionais”

    • CDBs pagando até ~140% do CDI e volumes altíssimos de emissão para um banco médio. Isso é típico de instituição que não consegue captar a taxas normais (risco percebido maior) e precisa “comprar” liquidez.

  2. Crescimento agressivo sem explicação nos fundamentos

    • Expansão rápida de carteira, presença em vários nichos (consignado, convênios com estados, BRB etc.) sem histórico robusto compatível.

  3. Modelo de negócio opaco

    • Forte dependência de carteiras consignadas originadas por terceiros, com pouca transparência ao mercado sobre qualidade, origem e performance desses créditos.

  4. Governança visivelmente concentrada no controlador

    • CEO = acionista controlador = futuro presidente do conselho; conselho composto por sócios/executivos, sem serem independentes.

    • “Comitê estratégico” cheio de notáveis, mas sem qualquer evidência de atuação efetiva em risco. Sinal claríssimo de boardwashing.

  5. Uso pesado de FGC como argumento de venda

    • Marketing agressivo de CDBs “cobertos pelo FGC”, reforçando o discurso de “risco zero” enquanto o banco elevava perigosamente sua dependência de funding garantido.

 

3.2 Para o BANCO CENTRAL (supervisão prudencial)

  1. Concentração extrema de operações com o BRB

    • Entre 2024–2025, o BRB transferiu cerca de R$ 16,7 bi para o grupo Master, dos quais R$ 12,2 bi em operações com indício de fraude.

    • Esse nível de exposição bilateral (banco médio privado × banco público regional) é um red flag clássico de risco de concentração e engenharia.

  2. Operações “atípicas” com carteiras consignadas

    • BC e a Justiça apontam que o BRB continuou comprando carteiras mesmo após saber que estavam sob monitoramento do BC e com ressalvas técnicas.

    • Há registro de substituição sucessiva de carteiras e fundos, típico padrão de “rolagem” para mascarar problemas.

  3. Origem duvidosa dos créditos (Tirreno / Cartos)

    • Investigação aponta que o Master teria adquirido carteiras da Tirreno sem pagamento efetivo, revendido ao BRB, e que a verdadeira originadora seria a Cartos, com enormes dúvidas sobre a existência e a consistência dos créditos.

  4. Desalinhamento entre fluxo de caixa real e registros contábeis

    • BC detectou ausência de repasse ao BRB dos pagamentos feitos pelos tomadores ao Master, que os “corrigia” depois, sob pressão.

  5. Alertas formais já trocados

    • A decisão judicial menciona que o BRB operou “mesmo diante das ressalvas formuladas pelo Banco Central, bem como dos reiterados pedidos de informações”.

 

Ou seja: não eram apenas sinais difusos; já havia interações formais de supervisão com anomalias claras.

 

3.3 Para o FGC (Fundo Garantidor de Créditos)

  1. Explosão de captação garantida

    • Volumes muito altos de CDBs “com cobertura do FGC” emitidos por um banco médio, num horizonte curto, a taxas muito acima do mercado.

  2. Uso do próprio FGC como fonte de funding

    • O Master chegou a tomar cerca de R$ 4 bi de empréstimos do FGC para reforçar liquidez — algo extremamente sensível, pois transforma o fundo, que deveria ser “para o sistema”, em credor relevante do próprio banco problemático (dado do texto que você mandou).

  3. Concentração de risco do FGC em um único banco

    • A combinação de:

      • alto volume de CDBs garantidos +

      • empréstimos diretos do FGC +

      • deterioração rápida de indicadores do banco

    • deveria acionar um monitoramento intensivo específico, com stress tests do tipo: “e se esse banco quebrar hoje?”.

 

4. Impactos das Operações Fraudulentas

 

  • Perdas estimadas podem superar R$ 10 bilhões apenas para o BRB, fora demais credores;  

  • Aproximadamente 12 milhões de clientes foram afetados de alguma forma pela liquidação.

 

5. Papel do BRB e do mercado

 

Concentração de exposição do BRB no Master: Entre 2024 e 2025, o BRB transferiu cerca de R$ 16,7 bilhões ao Master, chegando a ter cerca de 30% dos seus ativos atrelados a essas operações – concentração de risco totalmente fora de padrões prudenciais saudáveis. Ninguém viu este indicador? Não olharam os KRI’s?

 

Participação consciente no esquema (hipótese da PF e do MPF): decisão judicial e investigações sugerem que executivos do BRB sabiam da fragilidade e, mesmo assim, continuaram comprando os papéis, o que transforma o BRB de vítima passiva em coautor/participante do esquema. Vergonha, tinham que ter sido presos também!!

 

Outros investidores institucionais: Fundos de pensão, como o Itaprevi, investiram dezenas de milhões em Letras Financeiras do Master, confiando em ratings/pareceres de mercado e na regulação vigente, o que mostra um efeito de contágio para o sistema de previdência complementar.

 

6. Eventos gerados pela rede de influência

7. CAUSAS-RAIZ DA FRAUDE (ENGENHARIA FINANCEIRA + GOVERNANÇA)

 

7.1 Engenharia financeira / contábil usada para esconder o rombo

Com base nas investigações do MPF, BC e decisões judiciais:

  1. Criação de “ativos fantasmas”

    • Emissão de carteiras de crédito consignado fictícias ou superavaliadas, via Tirreno e Cartos. SINPAIG-MT+2O Tempo+2

    • Parte dos créditos não tinha lastro econômico visível (CPFs sem comprovação, associações de servidores sem fluxo condizente etc.).

  2. Triangulação Master → Tirreno/Cartos → BRB

    • Master “comprava” (sem pagar de fato, segundo o MPF) carteiras formadas pela Tirreno/Cartos;

    • Em seguida, revendia ao BRB com pagamento à vista, recebendo bilhões em caixa;

    • Para o BRB, isso entrava como “carteira de crédito adquirida” (ativo); para o Master, entrava como venda de ativo, gerando caixa e, muitas vezes, lucro contábil. O Tempo+1

  3. Substituições sucessivas de carteiras (rolagem da fraude)

    • Quando o BC ou o próprio BRB questionavam, o Master substituía carteiras “problemáticas” por outras, mantendo o valor total “bonito” no papel, sem enfrentar a raiz da inadimplência/falsidade.

  4. Uso de novos CDBs para pagar velhos passivos

    • Captação de até R$ 50 bi em CDBs de alto yield, usando dinheiro de novos investidores para sustentar fluxo de pagamentos antigos, numa dinâmica que se aproxima de estrutura tipo “ponzi bancário” (dinheiro novo tapando buraco velho sem geração real de caixa).

  5. Registros contábeis “criativos” no BRB e Master

    • Decisão judicial menciona “engenharia contábil e financeira” para viabilizar a captação, incluindo registros sem respaldo documental suficiente para evitar desenquadramento prudencial.

 

7.2 Governança fraca como condição habilitadora (root cause estrutural)

Do lado de governança:

  1. Concentração total de poder

    • Controlador = CEO = presidente do conselho = dono da estratégia.

    • Ausência completa de contrapesos internos.

  2. Conselho decorativo (boardwashing)

    • Conselho formado por sócios e executivos; nenhum conselheiro independente.

    • Comitê estratégico formado por ex-ministros, ex-presidentes do BC, ex-presidente da República… com função reputacional, não de fiscalização.

  3. Cultura de “teatro de governança”

    • Existia toda a decoração de governança (board, comitê, ex-autoridades, relatórios), mas não havia supervisão real sobre risco, compliance, modelo de negócio ou integridade das carteiras.

  4. Falhas/limitações da supervisão externa (forbearance)

    • BC detectou problemas, mas houve forte lobby político e demora na intervenção.

    • BRB continuou repassando bilhões mesmo após estar sob monitoramento do BC, o que indica conluio ou, no mínimo, falha grave de governança também no banco comprador.

 

8. Pontos que considero relevantes - Visão do Brasiliano

 

  • Risco de governança e “captura institucional” — empresas (bancos ou não) com apelo social/financeiro e ligações políticas podem mascarar riscos estruturais, tornando indispensável incluir no radar “risco reputacional + risco de influência regulatória” quando se avaliam instituições críticas;

 

  • Importância de “stress testing regulatório + cenário de pressão política” — vale simular cenários onde atores externos (políticos, grupos de interesse) pressionem o supervisor para adiar ou flexibilizar intervenções, e avaliar se a estrutura de governança interna resiste. Não somente indicadores financeiros puros, mas outras variáveis que possam exercer influência direta, como a motricidade nas operações financeiras; 

 

  • Risco sistêmico de contágio reputacional — se um banco “x” com visibilidade produz escândalo, isso pode gerar crise de confiança no setor como um todo, afetando outros players, fundos de pensão, investidores conservadores etc.;

 

  • Valor da due diligence “além dos números” — olhar apenas para balanços e ratings não basta; deve haver análise qualitativa de estrutura de controle, alinhamentos societários, exposição a grupos de risco, “porte social” dos controladores e histórico de relacionamentos políticos/institucionais.

 

10. Conclusão

O que o caso do Banco Master mostra — com evidências de luxo, poder, relações políticas e lobby intenso — é que grandes fraudes financeiras não precisam se parecer com baldes de dinheiro saindo em malas. Muitas vezes, vêm revestidas de legitimidade formal, networking, status, e tentativas de institucionalização através de aquisições e aprovações regulatórias. Isso — do ponto de vista de risco — representa um vetor poderoso e de difícil detecção, especialmente em instituições médias/pequenas que dependem de capital externo ou parcerias estratégicas com estatais.

 

O Banco Master operava com uma governança de fachada, construída para parecer sofisticada, mas sem qualquer capacidade real de supervisão. O conselho era composto exclusivamente por sócios e executivos, sem independência. O comitê estratégico reunia figuras de altíssimo prestígio institucional, mas cuja função era reputacional – não técnica. Essa estrutura permitiu que uma fraude bilionária crescesse sem obstáculos. O sistema era desenhado para blindar o controlador, não para monitorá-lo.

 

A fraude não foi apenas um desvio operacional. Foi um modelo de negócios, baseado em ativos forjados, triangulação com um banco público e uso da reputação política/jurídica como escudo, viabilizado por uma governança interna nula e por supervisão externa retardada.

 

Prezados, como bem falou a jornalista do Estado de São Paulo, Elaine Cantanhêde, em sua coluna de sexta feira de 28/11/2025: “ É inacreditável como escândalos brasileiros, inevitavelmente, envolvem bilhões, homens marombados, namoradas maravilhosas, jatos, lanchas, mansões ou apartamentos espetaculares em Miami ou Nova York e... promiscuidade com os poderes federais, estaduais, partidos e políticos, eventos, comemorações, viagens. E como seus “negócios” demoram a ser desbaratados!” e por aí vai apontando ponto a ponto a construção de uma grande farsa, junta ainda o caso do Grupo Refit, do advogado e empresário Ricardo Andrade Magro, segundo maior sonegador de impostos.

 

No Brasil, prezados leitores, políticos de direita, esquerda, centro-direita ou esquerda, desculpem, mas é tudo farinha do mesmo saco. Tudo uma camarilha, que visa unicamente defender seus próprios interesses.

 

A sociedade brasileira precisa acordar para, quando votar, votar no Macaco Simão. Esta seria uma atitude justa e patriótica. Já pensaram ter o nobre senador ou deputado federal como o Macaco Simão? Não tenham dúvidas de que os malefícios seriam nulos para nossa sociedade.     

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