Metodologia
BOW-TIE para
Análise de Riscos
Gabriel Ramirez Jordão
Engenheiro Agronômo, Especializado em Segurança do Trabalho pela Universidade de São Paulo.
Atualmente é Gerente Corporativo de SSMA da Brasiliano INTERISK.
O diagrama Bow-Tie trata-se da abordagem centrada no acontecimento crítico, em conjunto com árvores de falhas e acontecimentos (tratando-se assim de uma ferramenta probabilística) denominada de “Hazard, Effect and Management Process” (HEMP), permitindo identificar os perigos e avaliar os riscos associados com uma visão geral clarificada dos cenários de acidentes, assim como a identificação de causa e efeito, tendo como ponto central o acontecimento crítico.
1. Origem
A origem do diagrama “Bow-Tie” é desconhecida, tendo esses registros sido perdidos ao longo do tempo. Acredita-se que originalmente se denominava de “diagrama borboleta” e que evoluiu dos diagramas causa e efeito da década de 1970. A primeira referência a esta metodologia apareceu na Universidade de Queensland, Austrália e data de 1979. Posteriormente a metodologia amadureceu na década de 90 após o desastre de “Piper Alpha” que ocorreu numa plataforma de petróleo no mar do Norte. Por fim, em 1999, através de um projeto do Grupo Shell, esta nova abordagem centrada no acontecimento crítico, em conjunto com árvores de falhas e acontecimentos (tratando-se assim de uma ferramenta probabilística) foi denominada de “Hazard, Effect and Management Process” (HEMP), ficando conhecida como diagrama Bow-Tie, permitindo identificar os perigos e avaliar os riscos associados
2. Descrição do Diagrama Bow-Tie
Através da representação do diagrama “Bow-Tie” é possível obter uma visão geral clarificada dos cenários de acidentes, assim como a identificação de causa e efeito, tendo como ponto central o acontecimento crítico. Trata-se de uma análise de risco que ganha cada vez mais popularidade, podendo servir de base para uma posterior avaliação do risco representado / mapeado no diagrama.
Para uma melhor percepção deste conceito, a Figura ao lado representa, de forma sucinta, o Diagrama “Bow-Tie”.
O seu nome provém da semelhança com um laço, do tipo Papillon, adquirindo a designação de diagrama “Bow-Tie”. Este é constituído essencialmente por duas partes, a junção de uma árvore de falhas e uma árvore de consequências. Tal junção permite uma identificação objetiva de todas as causas e consequências relacionadas com o acidente que, no diagrama, corresponde ao ponto central (acontecimento crítico). De igual modo, é necessário referir, do ponto de vista estrutural, a constituição do Diagrama, sendo o ramo esquerdo correspondente aos diversos acontecimentos que proporcionam o acidente em si, e o ramo direito, por seu lado, aquele que representa as diferentes repercussões que tais causas possam vir a ter.
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o ramo esquerdo faz o mapeamento das causas (fatores de riscos), enquanto o ramo direito corresponde às consequências (Impactos).
Na constituição do Diagrama “Bow-Tie” existe ainda a representação das barreiras de segurança, o que permite uma fácil identificação da sua existência e qual a respectiva zona de atuação. Tais barreiras incluem barreiras de prevenção e de proteção. As de prevenção encontram-se situadas na parte esquerda, entre os fatores de riscos e o acontecimento crítico (Riscos); em contraste, as barreiras de proteção representam-se na parte direita entre o acontecimento crítico e as consequências (Impactos). A principal diferença, em caso de falha, consiste em as primeiras barreiras, ao falharem, conduzirem necessariamente ao acontecimento crítico, em oposição às barreiras de proteção que podem ter ou não um outro acidente como fim. Estas últimas têm como principal função mitigar as consequências (Impactos).
Em suma, este diagrama permite uma rápida visualização de qual barreira de segurança é acionada em cada cenário. Abaixo segue figura ilustrativa do diagrama.
A quantificação do risco adquire grande importância, pois permite a elaboração de uma análise que tem como intuito principal a identificação das possíveis soluções, a fim de reduzir o risco e as consequências inerentes ao cenário de risco como, por exemplo, a identificação de ausência de barreiras.
É possível calcular a probabilidade inerente à falha de cada barreira de segurança, desde que se disponha de dados fiáveis para esse cálculo.
Quando não existem dados suficientes e fiáveis para executar o cálculo probabilístico, pode-se optar por soluções mais simples e clássicas, através de avaliação essencialmente qualitativa, estimando-se a grandeza do risco a partir de uma matriz de risco.
Matriz de Risco
Existem diversas ferramentas e metodologias para avaliação de riscos, sendo a matriz de risco uma delas. Através de uma matriz de risco é possível efetuar uma avaliação de risco qualitativa, estabelecendo a ligação entre PROBABILIDADE e IMPACTO (por vezes difíceis de quantificar). A matriz pode ser utilizada em diversas avaliações, como por exemplo: danos pessoais, ambientais ou propriedade/instalações; para isso é necessário estabelecer critérios adequados a cada disciplina avaliada. Exemplo:
A matriz apresentada é apenas um exemplo, podendo haver adaptações de concepção e tamanho, de acordo com as exigências de cada empresa. Os critérios de apetite ao risco podem seguir exemplo ao lado:
3. Desenvolvimento do diagrama “Bow-Tie”
1ª FASE: A construção do diagrama (fase de análise).
Resumidamente a metodologia aplicada deve ser a seguinte:
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Reconhecimento do local;
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Levantamento das opiniões dos colaboradores da unidade nas reuniões de discussão;
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Determinação de causas (Fatores de Riscos) que podem dar origem ao acontecimento crítico assim como identificação das barreiras adequadas (Controles);
- Determinação dos riscos ou acontecimentos críticos;
- Construção de uma árvore de causas;
- Construção de árvore de acontecimentos, em função da progressão cronológica dos fatos previsíveis, a partir do acontecimento crítico, assim como identificação de barreiras de segurança;
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Criação de diagramas “Bow Tie”;
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Discussão e aperfeiçoamento do diagrama.
Após o desenvolvimento do diagrama “Bow Tie”, é iniciada a segunda fase deste trabalho referente à avaliação de risco.
2ª FASE: Aplicação de Matrizes de Risco.
Para dar início a este processo foram criados três conjuntos de critérios (propriedade; pessoas; ambiente) para aplicar as matrizes de risco a cada um dos quatro cenários possíveis, representados no diagrama. No final de todos os cenários avaliados foi considerado o “nível mais elevado” do conjunto de cenários, e as recomendações de melhoria foram feitas com base nesses resultados.
Para uma melhor percepção da metodologia desta segunda fase apresenta-se um resumo:
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Determinação de categorias de risco a analisar (Impactos para a propriedade; pessoas; ambiente);
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Criação das matrizes de risco, com os respectivos critérios;
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Aplicação de cada matriz de risco a cada cenário;
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Avaliação do nível de risco;
- Elaboração de recomendações de melhoria (Plano de Ação).
4. Vantagens da implantação do diagrama Bow Tie
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Mapeamento de Processos Críticos;
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Mapeamento de Atividades Críticas;
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Levantamento e Análise completa dos fatores de riscos, riscos e impactos;
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Estrutura lógica e de fácil entendimento, propiciando uma visão clara e objetiva dos principais riscos da organização;
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Larga abordagem, ou seja, Bow-Tie pode ser utilizado para diversas disciplinas (Meio ambiente, SSO, Material, Projeto, Financeiro, Fraude, etc)
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Investigação de ocorrências materiais, danos a pessoas e danos ambientais.
Conclusão
O diagrama “Bow-Tie” com evolução a partir dos diagramas causa e efeito, segue uma abordagem centrada no acontecimento crítico permitindo uma análise de risco, através de árvores de falhas e acontecimentos, representando vários cenários e barreiras de segurança. Trata-se de um modelo que permite obter uma visão global, de fácil percepção, sendo por isso cada vez mais utilizado pelas organizações.
A Brasiliano INTERISK possui equipe preparada para implantação dessa metodologia em qualquer ramo de negócio, bem como para qualquer disciplina a ser avaliada (Ambiental, SSO, Fraude, risco no processo, risco financeiro, risco de projeto, risco tecnológico, etc).