Qual é o verdadeiro Risco Brasil de hoje? Por que a economia não decola? Você não imagina?
Vencemos uma batalha, com a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados e a previsão de que o texto passe em segundo turno, com facilidade, no Congresso Nacional. Com este panorama a percepção de riscos dos investidores internacionais sobre o Brasil, caiu para o menor patamar em quase cinco anos. O termômetro que mede o risco país, Credit Default Swap- CDS, foi negociado em 19 de julho em 128 pontos, indicador que não se registrava desde setembro de 2014, quando o Brasil era classificado como bom investimento pelas agências de rating.
Com isso podemos dizer que um dos nós que prendia nossa economia está liberado, consequentemente um provável cenário de início de melhora das condições sócio-econômicas aponta no horizonte.
Só que não vencemos a guerra, só uma batalha e o governo deve entender claramente esta posição, caso contrário correrá o risco de não conseguir fazer decolar a economia, o que seria um desastre tanto para o Brasil como para o próprio governo Bolsonaro.
Há a necessidade do perfeito entendimento do contexto atual e das forças motrizes que influenciam os cenários prospectivos do nosso crescimento econômico.
Isto significa que temos de identificar, no meio desta névoa, qual é o Fator ou Fatores Chaves do Risco Brasil!
O Brasil acabou levando a melhor, com os cenários internacionais, que acabou ajudando a percepção dos investidores estrangeiros, a pensarem seriamente a colocar dinheiro no Brasil, não só em função da Previdência, mas também pela calmaria dos mercados internacionais em função da perspectiva da queda dos juros nos EUA e na Europa. Neste caso o nosso risco fiscal diminuiu, ao mesmo tempo em que reduziu a chance de fuga de capital para os EUA em função de uma alta dos juros, pelo FED, como estava previsto desde o início do ano.
O Brasil não pode perder esta janela de oportunidade, deve continuar a fazer as reformas estruturantes, visando obter vantagem frente aos outros países emergentes e ainda melhorando as condições de negócio, reduzindo a burocracia e aumentando a produtividade. Com uma reforma tributária de peso, para alavancar nossas indústrias que hoje estão com uma redução do seu PIB, entre 2014/2018 na ordem de 14,4%. O Estado de São Paulo, maior polo industrial, fechou 2.325 indústrias, de janeiro a maio de 2019, o que confirma a estagnação da economia.
No meu entendimento, para que haja um verdadeiro “turnaround” para iniciar a nossa caminhada, há a necessidade de quebrar o ciclo da Polarização, o famoso nós e eles.
Esta iniciativa tem que partir do Presidente Bolsonaro, pois é seu dever, no exercício do poder, operacionalizar o objetivo número um da nossa constituição de 1988, art. 3º, I: “Construir uma sociedade livre, justa e solidária.” Bolsonaro tem que entender que governa para todos os brasileiros, não havendo distinção e nem desrespeito, em hipótese alguma para com nenhum brasileiro, seja qual for sua opção sexual, partidária ou religiosa e sua origem de raça, cor e sotaque. Somos Brasil, um país multifacetado.
Bolsonaro tem que entender que não pode e não deve cair na armadilha de seus antigos “concorrentes” ao cargo de Presidente da República, que na campanha de 2018 resolveram polarizar e depois se fizeram de vítimas.
Bolsonaro deve entender que o desrespeito e a intolerância com a divergência política, ou seja, o pluralismo ideológico nunca foi aceito pelo PT, na figura do ex Presidente Lula. O ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, na história recente do Brasil, esse modo maquiavélico e perverso de governar.
A prova esta são os movimentos sociais, pelegos do partido, como por exemplo o MST, que sempre foi tratado e alimentado cordialmente pelos governos petistas, nunca se dispôs a abandonar a violência, assumindo uma negociação pacífica. Outro exemplo claro foram os anos com PT no governo brasileiro, que sempre demonizava os “neoliberais”, culpados pelas injustiças sociais, egoístas com o bem comum e interesse público, fomentadores da ganância privada. Ou seja, tudo de ruim que acontecia era culpa dos neoliberais, verdadeiros demônios que “comiam as criancinhas”.
Bolsonaro deve agir na contramão desta estratégia, pois deveria conquistar e não segregar a população brasileira, pois assim fazendo, somente troca de sinal a forma que o PT conduzia o Brasil. Não há mudanças estruturais.
Bolsonaro deve estar atento às questões estratégicas do Brasil, não às questões que não são de sua competência, pois são extremamente operacionais para um Presidente da República. Tem que deixar de fazer discursos de improviso, devem ser pensados de forma estratégica, visando ganhar corações e mentes, deixar de fazer posts nas redes sociais, acabou a campanha! Ou ficar em silêncio diante de situações em que a população esperaria muito mais firmeza de seu Presidente.
Bolsonaro deve deixar de polarizar, nós e eles não existe ou ele, Presidente da República, não pode deixar que ocorra. Não pode mais culpar os socialistas e comunistas pelos males da moral, dos bons costumes e da economia do Brasil. Já explicou e falou, não há mais necessidade. Hora de agir. Precisamos do “turnaround”, virada de mesa!
O risco desta continuada polarização é o frágil esgarçamento do nosso tecido social e político, o que pode levar o Brasil ao descaminho.
Já aconteceu!
Jair Bolsonaro deve ter a clara noção que o PT realizou esta polarização, divisão dos brasileiros, para manter seu curral eleitoral. Deve quebrar este curral, com sabedoria e inteligência. Hoje Bolsonaro possui as armas na mão!
O que o PT fez para o Brasil, em todos os sentidos, não justifica, em hipótese alguma as atitudes do Bolsonaro e de alguns membros de seu governo. Jair Bolsonaro, como Presidente da República é exclusivamente responsável pelos seus atos. Se o PT não cumpriu, só enrolou, não é justificativa para que continue no mesmo processo, só que com o sinal trocado.
Ponto Crítico de Sucesso é descontinuar a polarização para que possamos decolar de forma rápida e potente. Sou obrigado a admitir que, como muitos que votaram em Bolsonaro, hoje estamos decepcionados. Decepcionados porque estamos vendo a mesma lógica petista no planalto, só que com sinal trocado. Não foi esta a promessa de campanha.
Portanto, no meu ponto de vista, o maior Risco Brasil hoje é a Continuidade da Polarização, que se continuar a persistir, irá esgarçar o já puído tecido social e político. Bolsonaro tem que vender seu produto, e a venda do produto hoje, segundo o maior nome de marketing do mundo é: “não venda seu produto, construa relações.”
Se não conseguir ganhar a confiança de todos, ganhar corações e mentes, dar o poder da esperança, como fizeram Lincoln, Luther King, Mandela e até a pequena jovem garota do Paquistão, a Malala, o Brasil não vai se levantar e aí teremos mais uma vez a lenda do Gigante adormecido.
Tenho certeza que se Bolsonaro, brigar por todos, brasileiros, respeitar todos os brasileiros, não desistir de nenhum brasileiro, tomar alguns riscos e se levantar nestes tempos mais difíceis, o Brasil conseguirá ultrapassar este obstáculo.
Eu ainda acredito!
Boa leitura! Sorte e Sucesso para todos!
Antonio Celso Ribeiro Brasiliano
Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK | abrasiliano@brasiliano.com.br