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Âncora 1

PONTO DE VISTA

Risco Econômico:
a economia brasileira
decola ou não? Eis a questão! 

O desempenho da economia brasileira voltou a cair em julho, de acordo com o índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC – Br). O indicador conhecido como uma prévia do desempenho do Produto Interno Bruto- PIB – e que serve de parâmetro para avaliar o ritmo da atividade doméstica ao longo dos meses. O índice caiu 0,16% em julho em comparação com junho, na série com ajuste sazonal, após registrar avanço de 0,34% em junho. Segundo o Banco Central, o indicador atingiu o menor patamar desde maio deste ano. 

Entre os economistas há muita discordância em relação a resultados mais expressivos do PIB, que uma grande parte aposta somente no quarto trimestre de 2019. Para inúmeros economistas, já neste terceiro trimestre não é mais possível descartar uma redução da atividade econômica. Isto significa que a recuperação é lenta e gradual. 

A euforia do início do ano das projeções extremamente otimistas estão hoje, em um patamar mais realista. O Ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre afirma que não há voo da galinha. Deve-se colocar o Brasil em uma trajetória consistente de crescimento de longo prazo. Por esta razão o estado tem que ficar leve, ou seja, as privatizações devem começar a acontecerem. 

A impaciência com a estagnação da economia brasileira é consenso entre os economistas e empresários. A urgência de uma política econômica pró-crescimento, que vá além das respectivas reformas constitucionais tem que acontecer. Aí que há um grande divisor de águas, e uma bifurcação de caminho a decidir.

E a principal delas está ligada à viabilidade de se acionar o investimento público para acelerar o processo. Esta visão é como se voltássemos no tempo, década de 70, quando havia o chamado milagre econômico brasileiro, e o pomo da discórdia era a distribuição de renda, se primeiro fazia o bolo crescer para depois distribuir ou reparti-lo enquanto crescia. 

A teoria do bolo, defendida pelo governo e grande parte dos economistas, é primeiro reequilibrar a situação das contas públicas – remédio amargo, para depois pensar em investir. Ou seja, temos um longo caminho pela frente. 

Recorrer a um impulso fiscal para ajudar a tirar o Brasil da estagnação é uma tese vista com desconfiança, embora haja economistas liberais atraídos por ela. A queda brutal dos investimentos públicos é vista a olhos nu. O orçamento da União chegou ao Congresso com uma previsão de apenas R$ 19,3 bilhões de reais, o menor em uma década. 

Com estes números os riscos passam a terem alta probabilidade de péssimas manutenções da infraestrutura, tornando-as ainda mais ultrapassadas e malconservadas, um dos fatores que impõe barreiras para o desenvolvimento. 

A relação com o PIB, a nossa taxa de investimento mal encosta nos 16%, cerca de 10 pontos percentuais abaixo da média global. E no caso do investimento público, aí que ficamos em uma situação caótica, 2,5%. Daí a polêmica do teto de gastos, embora a queda ocorra em todas as esferas. 

Fica claro que não está fácil abrir uma brecha neste cenário de arrojo fiscal, em que falta dinheiro para tudo. “Tudo” podemos entender como pesquisa, bolsa de estudo, fiscalização ambiental, leitos em hospitais, farmácias populares, educação condizente no ensino básico, segurança pública. 

Segundo economistas, há uma necessidade de o governo investir, pois investindo gera um efeito multiplicador, estimulando o privado a arriscar. Esta é a opinião do economista Felipe Salto, do Instituto Fiscal Independente – IFI, em suas redes sociais. Mas temos um grande buraco, pois tudo que se arrecada e mais uma montanha de dívida vai para pagar salários e aposentadorias. Nesta mesma linha, o ex presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, em seu artigo “Em defesa do controle de gastos públicos”, publicado no dia 15 de setembro de 2019 – domingo no jornal o Estado de São Paulo, ressalta que “países com dívidas públicas muito grandes não conseguem elevar gastos sem elevar impostos...” O efeito motriz deste impacto cruzado nos investimentos públicos, é reduzir sua eficácia, diminui a magnitude do gasto público. 

A solução seria então abrir espaço para o privado investir, que teoricamente alavancaria a economia. Bandeira de alerta, o FMI, em um estudo publicado no final de 2018, concluiu que nos últimos 25 anos, o investimento público, em proporção ao PIB, ficou bem abaixo nas economias emergentes. Mas não houve também um avanço significativo do investimento privado. 

O motivo do não investimento privado, na minha opinião, tem a ver com a questão da credibilidade e confiança nos governos emergentes, que pouco tem demostrado políticas econômicas e atitudes políticas consistentes.

Creio ser este, hoje, nosso maior desafio, mostrar credibilidade e consistência, para isso o governo Bolsonaro deve mudar suas atitudes como um estadista, que possui perseverança e resiliência. Para finalizar, faço das palavras de Theodore Rooselvet, as minhas, em seu famoso discurso em 1910, na França em Sorbone, chamado de “O Homem da Arena”, onde ressaltou: 

“Não é o crítico que importa nem aquele que mostra como o homem forte tropeça, ou onde o realizador das proezas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que se encontra na arena, com o rosto manchado de poeira, suor e sangue; que luta com valentia; que erra e tenta de novo, de novo e de novo; […] que conhece os grandes entusiasmos e as grandes devoções; que se sacrifica por uma causa nobre; que ao menos conhece, no final, o triunfo de uma grande realização; e que, na pior das hipóteses, se fracassar, pelo menos fracassou ousando grandes coisas; e por isso o seu lugar não pode ser junto àquelas almas tímidas e frias que não conhecem nem vitórias nem derrotas.” 

O Brasil necessita neste momento tão crucial, de um estadista que demonstre talento com perseverança.  

Sorte para todos nós!

Boa leitura! 

Antonio Celso Ribeiro Brasiliano
Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK | abrasiliano@brasiliano.com.br   

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